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DO CAOS À TODAS AS MANHÃS DO MUNDO

Uma crônica de Cao Benassi Junho é um mês muito especial. Ele encerra o primeiro ciclo semestral e é o bardo de entrada do segundo ciclo semestral do ano. Junho traz consigo muitas energias de três sentimentos especiais: o amor, a alegria e a felicidade!  Além disso, junho está ligado à luz solar. E por falar em sol, o meu mundinho amoroso que jazia em repouso pós praláyaco, neste junho de 2025, voltou a se movimentar e iniciar um novo manvantara com a chegada do sol de todas as minhas manhãs. Assim como o mundo, que para os nossos ancestrais, era sempre criado a partir do caos que continha as águas primordiais, em meio ao caos cotidiano, onde a vida existe apenas em potencial, ela, a vida, surge com todas as suas vicissitudes que nos desafia a cada instante.  Eis que emerge um sol, um farol, uma estrela-guia que ilumina e direciona o meu caminho. Luz que surge no horizonte a cada manhã do meu mundo para iluminá-lo. Tudo começou no silêncio do meu mar e chegou de mansinho, qua...

SUPREMO TABACAL FEDORAL

Na "Praça dos Democratas", os sinos badalavam. Não pela fé, mas pelo medo, obviamente. No palácio da Justiça, encravado no centro da Barnânia, togas negras decretavam o amanhã. A caneta, mais que espada, cortava destinos, silenciava vozes. Liberdade? Um eco longínquo, abafado por ruidosos decretos. Justiças tortas, rotas, sombrias, verdades censuradas. Ninguém ousava questionar, ou sumia. A lei que antes era escudo, virou algema. O povo, emudecido, via o sol nascer quadrado. Um suspiro coletivo, um grito bochornoso. E assim, sob a égide da lei, se ergueu a sombra.

O HINO OFICIAL DA JURISLÂNDIA

Um conto de Cao Benassi (* Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência)   No reino distante de Jurislândia, também conhecido como República da Banânia, que ficava encravado entre as verdejantes planícies da Burocracia e as imponentes montanhas da Legislação, vivia um ser muito peculiar conhecido como Xandão, O Magnífico. As boas línguas da Jurislândia, deram a ele as alcunhas de Juizinho Mandão, A Lei Xandre de Imoraes, e ainda, O ovo que tudo vê. Não, não se podia dizer que Xandão, O Magnifíco, era um rei, tampouco um imperador, mas, sim, ele era um juiz. Um juiz, cujo martelo ecoava mais alto que os trovões nos picos mais altos, nos mais distantes rincões. Sua fama de "mandão" não era apenas uma lenda, era a fundação sobre a qual Jurislândia parecia repousar. Xandão, O Magnífico, tinha um olhar penetrante, capaz, diziam as boas línguas que repetiam coisas, pelos corredores do Palácio da Justiça, que ficava encravado no centro da Banârn...

PESAR, JULHO DE 2025

  PESAR, ANO 2, N. 19, JUL. 2025 Estamos no sétimo mês do ano de dois mil e vinte e cinco e esse, já é o décimo nono número da série de textos filosóficos PESAR. Como todos já sabem, nosso tema é foco e interesse, que são, basicamente, o ponto para o qual converge nossa atenção e o estado de espírito que se tem para com aquilo que se acha digno de atenção. No nosso número anterior, discorremos sobre o perigo de se desperdiçar o tempo de vida que temos. Parece não ser tão importante, mas um único dia vivido sem propósito, na economia da vida, jamais poderá ser recuperado.  Como foi afirmado no número 18 da série PESAR, a expectativa de vida do brasileiro, é em média, setenta e seis anos. Convertendo esse total para dias, nós teríamos aproximadamente, um total de vinte e sete mil, setecentos e quarenta dias. Com base nisso, peço a você, querido leitor, que faça o seguinte exercício de imaginação: substitua os dias da expectativa de vida do brasileiro pela nossa moeda. Imagine qu...

O CONSCIENTE, A ANESTESIA E A REVELAÇÃO DO INCONSCIENTE EM UM ÚNICO DIA

  Uma crônica de Cao Benassi Vivendo num país, que igual a muitos outros, privilegia a torpeza, a debilidade e a imoralidade, no qual o porco é lavado, perfumado, enfeitado e colocado no palácio, crendo que o tal suinídeo iria virar um rei, o que se testemunha, é a transformação do palácio num chiqueiro.  Infelizmente, todo mundo já sentiu o mal cheiro das cagadas do ronca-e-fuça, porém poucos são os que admitem que acreditar na farsa cuidadosamente elaborada pelo reizinho mandão, delicadamente intitulado “O-ovo-que-tudo-vê”, e seus outros 10 comparsas, a maioria preferem fazer a egípcia e dizer que o fedor exalado do chiqueirácio (mistura de chiqueiro com palácio, no qual se espoja o cachaço-grulhador), é o mais fino eou de toilette.  A lama de odor mal cheiroso se espalha por todo lado. Por onde se anda, não há ou quase não há, lugar que a pútrido chorume não tenha chegado. Economia não há: a cada dia, um novo aumento de impostos, que não cobre a gastança desenfreada. A...

ANJO

 PARA GABRIEL  Despiu-se de sua divindade Vestiu-se de pele humana Deixou para trás sua glória  Manteve a beleza soberana Fez-se um Deus entre homens Olhou-me com o sol em seus olhos Iluminou as manhãs do meu mundo Beijou-me com ondas de mar bravio Aos pés me arranca, suspiro profundo Estampou no meu céu as suas nuvens Desamparado filhote sem ninho  Embalou feliz nos seus braços Deu estrelas ao céu da boca   Do teu colo fez o meu espaço Coloriu com tua língua as minhas paragens Desde o teu céu me estendeu o dedo Que em transcendência ousei tocar  Tal qual Adão buscando o Divino A velha natureza quer superar Desenhou nos meus olhos as suas miragens   Fez-se um Deus entre homens As suas nuvens no meu céu estampou Coloriu com tua língua minhas paragens Nos meus olhos as suas miragens desenhou  Fez-se um Deus entre homens

CONTOS DE TERREIRO

N. 3 - IDE E PREGAI  Nos reunimos na roça com o dia ainda escuro. O sol vinha rompendo e a aurora despontava bela! A julgar pelos dias anteriores, nosso domingão seria bem quente, mas isso, seria apenas um detalhe que não nos afastaria de nosso objetivo: cumprir o “ide e pregai"!  Dinda, como nós chamávamos Mameto Suelen de Dandalunda, despachou a porta, demos as mãos e cantamos para mPambo nZila para termos os caminhos abertos naquele dia. Em seguida, nos separou em equipes e atribuiu a cada uma, suas obrigações. Mameto Ndenge Nice de nZumbarandá ficou com a liderança do grupo dos muzenzas. Já a Makota Cris de Kaiala ficou responsável pelo grupo dos maganzas e o kambondo Josias de Roximukumbe ficou responsável pelo grupo que incluía todos os koota maganza. Nice de nZumbarandá iria com os muzenzas de casa em casa panfletar no Bairro Monte Oliveiras. Já Cris de Kaiala com os maganzas iriam realizar visitas no hospital CEMAS (Centro Especializado em Medicina e Assistência À Saúd...

PESAR, JUNHO DE 2025

PESAR, ANO 2, N. 18, JUN. 2025 No número 17 da série PESAR, nós refletimos sobre o tempo e vimos que desde tempos remotos, o homem tem essa noção de escassez do tempo, noção que vivenciamos em nossos dias. De fato, esse é um dilema da alma humana, que nos acompanha desde tempos imemoriais. Ao longo do tempo, as preocupações em relação a ele mudaram, no entanto, continuamos com a mesma sensação, ou seja, que não temos tempo suficiente para realizar tudo o que é necessário. Numa primeira análise, parece-nos que nós não dispomos de todo o tempo que precisamos para viver e realizar. Porém, se nós nos detivermos no tema e o analisarmos mais profundamente, vamos chegar a conclusão de que nós não sabemos nada sobre o tempo que temos. Essa é uma afirmação que pode nos trazer um certo desconforto, mas a verdade é que nós somos arrastados pelo tempo sem que desenvolvamos nenhuma consciência sobre ele.  Não é possível para nós desenvolver a consciência sobre o tempo que temos, se nós não para...

DOR COME: UMA CRÔNICA DA DOR

  (Tomada 3 - De uma vez por todas) Uma crônica de Cao Benassi Atualmente - Olá, Cao! - Me deixa! - Uai, pensei que o aperto de saudade que você deu na sua flauta hoje, tinha resolvido o seu banzo?! - Quem dera fosse fácil assim… - Ah, Cao… não gosto quando você perde o brilho! Não gosto quando você economiza no verbo!  - Fazer o que, né?! - Ah… prefiro quando você fica reclamudo de nós, as suas dores preferidas… e antes que você queira negar, você era bem mais legal quando não investia seu tempo nela! - É, você tem razão! - Sim, eu tenho! Sabe, Cao, às vezes, todas nós deixamos você macambúzio, mas de todas nós, ela é a única que te pega de jeito, hein?! Estou com pena de você, menino! Há alguma coisa que eu possa fazer por você? - Não! - Nada?! - Hum-hum! - Nadica de nada?! - (Aceno com a cabeça, negativamente) - E o salto tandem, me conta! - Não! - Vai, Cao! Coloca pra fora! Isso vai te ajudar! Zera essa história, quem sabe é uma forma de você acabar com ela, de uma vez por...