Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Pá-de-Palavra

CASINHA DE PAPEIZINHOS; TETO DE PAPELÃO

  Um conto de Cao Benassi Na Banânia, era comum que as reuniões e demais convescotes do Palácio da Justiça e outras “casas do povo”, fossem regadas a vinhos, queijos e lagostas importados, que somados aos altos salários e penduricalhos, de toda a sorte, da politicama e dos juízes e seus asseclas, fazerem com que, pelas ruas irregulares e esburacadas das cidades bananienses, o povelo vivesse se abaixando, arrastando seus passos pelo peso “imposto” do sofrer.   Descia o trabalhador deixando acima a mulher grávida; abaixo ficava a cidade, e o pobre como qualquer outro desvalido da Banânia, se perdia em seu emaranhado de ruas que para os moradores da casinha de papeizinhos de teto de papelão, o hoje fosse o mesmo que o ontem, vivendo uma vida num mundo sem amanhã.  A chuva caía impiedosa sobre a imponente capital da Banânia. Dada a dita e dura da toga, impetrada pelo seu mais infame representante, o Juizinho Mandão, o paraíso na terra, belo por natureza, abençoado pelos ...

TRINTA DIAS DE TODAS AS MANHÃS DO MUNDO

  Para Gabriel Uma crônica de Cao Benassi  Em relação ao tempo, a nossa percepção sempre nos faz pensar que ele, o tempo, passa rápido demais. Essa percepção é bastante distorcida e não é sentida apenas por nós, pois na verdade, o tempo hoje passa da mesma forma como passava em tempos imemoriais. Em seu tempo, o filósofo romano Marco Aurélio documentou que seus contemporâneos reclamavam de não terem tempo. Isso posto, ressalto que faz um mês, trinta dias de tempo passado, cuja medida parece ter perdido o sentido para nós. Eu me pego olhando para você, aqui, do meu lado na nossa cama, vendo o seu rosto que é o sol da minha manhã, e tenho a sensação de que todas as manhãs do mundo se concentraram nesse nosso primeiro mês. Coloco-me aos seus pés e depois em suas mãos e você me abraça. Sinto a minha alma se iluminar. É como se os meus olhos soubessem, mesmo antes de mim, que eu já te esperava. Como mágica, sinto que nesses trinta primeiros dias, nós vivemos todas as manhãs do noss...

O AMOR MEU CÁRCERE

  Um conto de Cao Benassi O ar gelado daquela manhã outonal não era frio o bastante para diminuir o calor do amor de Sofia e Lucas, que parecia ser imenso. Ele apaixonado e dedicado namorado, não se conteve ao vê-la adentrar à pequena igreja vestida de branco, guiada pelo irmão mais velho, como o mais belo e puro anjo de todo o céu. As promessas sussurradas no altar, de amor eterno e incondicional, por algum tempo, ecoavam em seu coração. Apesar da vida simples, eles construíram um lar cheio de momentos que viraram memórias. A vida e o seu lado prático faziam com que Lucas, um representante comercial, saísse diariamente para o árduo trabalho, levando consigo o beijo de Sofia como sua maior motivação para voltar para casa. Os anos passaram. A vida de Lucas, antes preenchida pela necessidade da partida para o trabalho, pelo amor que continha o beijo e o abraço de Sofia que o fazia retornar saudoso,  aos poucos se transformou numa enfadonha rotina entre a casa e a amada, as estra...

PESAR, N. 20, AGO. 2025

  PESAR, ANO 2, N. 20, AGO. 2025 Nos números anteriores da nossa série de textos filosóficos PESAR, discorremos sobre o tempo e como o ser humano, desde muito tempo, o desperdiça por falta de consciência e de autoconhecimento. Especificamente, no número 19, referente ao mês de junho, refletimos como a Internet e as redes sociais, de ferramentas que formam e informam, podem se tornar distrações que além de roubar nosso tempo, pode destruir nossa vida, seja por arrastar nossa consciência para baixo, seja por se tornar um vício de difícil percepção e combate.    No presente número, a nossa reflexão será voltada para uma debilidade muito conhecida por todos nós, quer por sermos alvos dela, quer pela prática, embora quem a pratica dificilmente a assume. Trata-se da fofoca, que em sua essência, brota de uma mente ociosa e, consequentemente, de uma curiosidade distorcida pelo banal. Ela se alimenta do vazio deixado pela falta de um propósito de vida mais elevado, preenchend...

CAPITÃO BIROCA X A DESLUMBRADA DA REPÚBLICA

  UM DESAFIO NADA REPUBLICANO Um conto de Cao Benassi  (*Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência)  Os dias, na conturbada República da Banânia, corriam sem que os bananienses pudessem respirar, em lugar algum, desde as planícies verdejantes da Burocracia aos picos mais elevados da Legislação, algum ar de normalidade. Nesses dias, o que inundava os pobres narizes republicanos, era o fétido odor exalado do Pranalto Central.    Na ensolarada republiqueta, onde o café era forte e a política mais ainda, dois personagens que ali viviam, tomaram os holofotes, pois mais pareciam saídos de contos de fadas às avessas: o Bonorito, de riso estrondoso, era conhecido por sua peculiar paixão por bolitas de gude, e a Sra. Esbanja, a deslumbrada primeira-dama da república que tinha um gosto um tanto… expansivo, eu diria. Bonorito, que respondia também por Capitão Biroca, além de falastrão, era um estrategista nato (quando o assun...

DESGOVERNO

  A REPÚBLICA DA BANÂNIA E O SAPO CACHACEIRO Um conto de Cao Benassi O escaldante sol de Cuiabrasa, cujas boas línguas davam conta de existir um para cada cuiabrasano, não era nem de longe, páreo para o calor infernal que emanava do Palácio do Pranalto , especialmente quando o anfíbio-chefe, o Sapo Cachaceiro, iniciava mais um dia de "trabalho". Seu nome, Egresso Etílico, era uma ironia amarga para a nação, que via sua economia encalhada como um girino no meio da lama seca.  O Sapo Cachaceiro, um batráquio de modos rústicos e fala empolada, quase sempre por aveludadas mentiras, havia galgado os degraus do poder não por mérito, é claro, mas por uma combinação duvidosa de um peculiar e poderoso carisma, e um profundo conhecimento da ensaboada arte de escorregar por entre os dedos da justiça. Seus dias no Palácio do Pranalto começavam com um "café da manhã" à base da mais pura caninha de alambique, genuíno suco de cana fermentada que ele jurava ser "o elixir da s...

ODE À DEMOCRACINHA PUJANTE

Na tribuna da retórica, o político declama, "A voz do povo é lei!", o povelo aclama. Mas a voz ecoa xôxa, em tablados bem montados, Onde seus próprios interesses são os mais votados. A urna eletrônica, coloca à baila os percentuais, Enquanto as filas de doentes crescem nos hospitais. Promessas voejam, tal qual confete em carnaval, E a cada eleição, repete-se o mesmo enredo triunfal. A brasileirama, cansada, mas que teima em acreditar, No ciclo vicioso de escolher, eleger e lamentar. A "ordem e progresso" fica só nas pichações no muro, A picanha prometida, se torna um sonho muito obscuro. Enquanto o PIB flutua, tal como um barco à deriva, A casta intocável, essa sim, sobeja sempre ativa. Com auxílios moradia, penduricalhos e salários tão régios, A democracia deles, em carrões e palácios, tem privilégios. E assim, a "pujante" democracinha segue seu desfile, Entre escândalos e acordos, no mais puro estilo. E a gente assiste, de casa, esse circo sem fim, Torce...

MANUSCA

Para Maninha Meu coração o teu aconchego busca, Teu abraço: laço que o tempo não desata. Um amor o tempo não nunca ofusca, Melodia da alma, alegre serenata. Nossos risos, sonhos e segredos, Memórias guardadas em cada canto. Medos vencidos em nosso enredo, Para cada abraço, um porto, um acalanto. Que sejamos unidos, em qualquer canto E que a vida nos seja plena e gentil, Que o nosso amor seja infindável, E a felicidade, o nosso manto sutil.

VILANCETE PARA MEU AMOR

Para Gabriel  Seu amor, um canto em meu jardim, Flor do tempo quando me olhas, Seu coração plantado em mim. Em cada flor, que tu desabrochas, Renascem sonhos que não se perdem em mim, Flor do tempo quando me olhas, Meus passos, sempre me levam a você, Em teu sorriso, a paz que alcanço, Flor do tempo quando me olhas, Nos braços teus, eu me refaço, Um mar de estrelas, me dá teu abraço, Flor do tempo quando me olhas, Seu amor, um canto em meu jardim, Em cada flor, que tu desabrochas, Seu coração plantado em mim. És melodia, és ritmo, és compasso, Meu porto, meu abrigo, meu laço, Flor do tempo quando me olhas, Seu coração plantado em mim.

DIVINES

PARA GABRIEL Poema composto em 29/6/25  Devotado aos pés Sol da minha manhã Meu peito teu altar Teu colo meu divã Teu abraço meu céu Aconchego para amar Paixão transcende o véu Sagrado é te adorar

ADORAÇÃO

Para Gabriel Poema composto em 28/6/25 No meu horizonte sombrio Tal qual Quenum, fez-se luz Me empurrou a escura solidão E felicidade, ao meu dia conduz Da cosmogonia do meu mundo Tornou-se o meu deus solar Faz todas as minhas manhãs E do meu peito, o teu altar