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Mostrando postagens com o rótulo Cao Benassi

O CONSCIENTE, A ANESTESIA E A REVELAÇÃO DO INCONSCIENTE EM UM ÚNICO DIA

  Uma crônica de Cao Benassi Vivendo num país, que igual a muitos outros, privilegia a torpeza, a debilidade e a imoralidade, no qual o porco é lavado, perfumado, enfeitado e colocado no palácio, crendo que o tal suinídeo iria virar um rei, o que se testemunha, é a transformação do palácio num chiqueiro.  Infelizmente, todo mundo já sentiu o mal cheiro das cagadas do ronca-e-fuça, porém poucos são os que admitem que acreditar na farsa cuidadosamente elaborada pelo reizinho mandão, delicadamente intitulado “O-ovo-que-tudo-vê”, e seus outros 10 comparsas, a maioria preferem fazer a egípcia e dizer que o fedor exalado do chiqueirácio (mistura de chiqueiro com palácio, no qual se espoja o cachaço-grulhador), é o mais fino eou de toilette.  A lama de odor mal cheiroso se espalha por todo lado. Por onde se anda, não há ou quase não há, lugar que a pútrido chorume não tenha chegado. Economia não há: a cada dia, um novo aumento de impostos, que não cobre a gastança desenfreada. A...

ANJO

 PARA GABRIEL  Despiu-se de sua divindade Vestiu-se de pele humana Deixou para trás sua glória  Manteve a beleza soberana Fez-se um Deus entre homens Olhou-me com o sol em seus olhos Iluminou as manhãs do meu mundo Beijou-me com ondas de mar bravio Aos pés me arranca, suspiro profundo Estampou no meu céu as suas nuvens Desamparado filhote sem ninho  Embalou feliz nos seus braços Deu estrelas ao céu da boca   Do teu colo fez o meu espaço Coloriu com tua língua as minhas paragens Desde o teu céu me estendeu o dedo Que em transcendência ousei tocar  Tal qual Adão buscando o Divino A velha natureza quer superar Desenhou nos meus olhos as suas miragens   Fez-se um Deus entre homens As suas nuvens no meu céu estampou Coloriu com tua língua minhas paragens Nos meus olhos as suas miragens desenhou  Fez-se um Deus entre homens

CONTOS DE TERREIRO

N. 3 - IDE E PREGAI  Nos reunimos na roça com o dia ainda escuro. O sol vinha rompendo e a aurora despontava bela! A julgar pelos dias anteriores, nosso domingão seria bem quente, mas isso, seria apenas um detalhe que não nos afastaria de nosso objetivo: cumprir o “ide e pregai"!  Dinda, como nós chamávamos Mameto Suelen de Dandalunda, despachou a porta, demos as mãos e cantamos para mPambo nZila para termos os caminhos abertos naquele dia. Em seguida, nos separou em equipes e atribuiu a cada uma, suas obrigações. Mameto Ndenge Nice de nZumbarandá ficou com a liderança do grupo dos muzenzas. Já a Makota Cris de Kaiala ficou responsável pelo grupo dos maganzas e o kambondo Josias de Roximukumbe ficou responsável pelo grupo que incluía todos os koota maganza. Nice de nZumbarandá iria com os muzenzas de casa em casa panfletar no Bairro Monte Oliveiras. Já Cris de Kaiala com os maganzas iriam realizar visitas no hospital CEMAS (Centro Especializado em Medicina e Assistência À Saúd...

PESAR, JUNHO DE 2025

PESAR, ANO 2, N. 18, JUN. 2025 No número 17 da série PESAR, nós refletimos sobre o tempo e vimos que desde tempos remotos, o homem tem essa noção de escassez do tempo, noção que vivenciamos em nossos dias. De fato, esse é um dilema da alma humana, que nos acompanha desde tempos imemoriais. Ao longo do tempo, as preocupações em relação a ele mudaram, no entanto, continuamos com a mesma sensação, ou seja, que não temos tempo suficiente para realizar tudo o que é necessário. Numa primeira análise, parece-nos que nós não dispomos de todo o tempo que precisamos para viver e realizar. Porém, se nós nos detivermos no tema e o analisarmos mais profundamente, vamos chegar a conclusão de que nós não sabemos nada sobre o tempo que temos. Essa é uma afirmação que pode nos trazer um certo desconforto, mas a verdade é que nós somos arrastados pelo tempo sem que desenvolvamos nenhuma consciência sobre ele.  Não é possível para nós desenvolver a consciência sobre o tempo que temos, se nós não para...

DOR COME: UMA CRÔNICA DA DOR

  (Tomada 3 - De uma vez por todas) Uma crônica de Cao Benassi Atualmente - Olá, Cao! - Me deixa! - Uai, pensei que o aperto de saudade que você deu na sua flauta hoje, tinha resolvido o seu banzo?! - Quem dera fosse fácil assim… - Ah, Cao… não gosto quando você perde o brilho! Não gosto quando você economiza no verbo!  - Fazer o que, né?! - Ah… prefiro quando você fica reclamudo de nós, as suas dores preferidas… e antes que você queira negar, você era bem mais legal quando não investia seu tempo nela! - É, você tem razão! - Sim, eu tenho! Sabe, Cao, às vezes, todas nós deixamos você macambúzio, mas de todas nós, ela é a única que te pega de jeito, hein?! Estou com pena de você, menino! Há alguma coisa que eu possa fazer por você? - Não! - Nada?! - Hum-hum! - Nadica de nada?! - (Aceno com a cabeça, negativamente) - E o salto tandem, me conta! - Não! - Vai, Cao! Coloca pra fora! Isso vai te ajudar! Zera essa história, quem sabe é uma forma de você acabar com ela, de uma vez por...