VISOGRAFIA

 

ESCRITA DE LÍNGUA DE SINAIS VISOGRAFIA


O Sistema de Escrita de Língua de Sinais VisoGrafia é resultado de minha pesquisa de doutorado, no Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagem, da Universidade Federal de Mato Grosso, cuja tese "VisoGrafia: o problema do conteúdo, material e forma na escrita de sinais", foi defendida em março de 2019. 

A forma da escrita que utilizamos hoje,  já não é a mesma de 2017 (livro "O despertar para o outro: entre escritas de  língua de sinais"), tampouco é a de 2019 (da nossa tese "VisoGrafia: o problema do conteúdo, material e forma na escrita de sinais"), portanto, cuidado ao tomar aquilo que já é histórico nesse sistema, como se ainda fosse utilizado. É errado afirmar, como fez um "pesquisador" em seu trabalho (que tive o desprazer de ler), que a VisoGrafia não possui símbolos próprios, o que não é verdade: criamos muitos visografemas de nosso sistema. 

A partir da VisoGrafia, desenvolvi o Sistema de Descrição Paremológica (fonológica) Língua de Sinais, pensando nas pesquisas linguísticas da Libras e sua descrição. Que também apresentarei aqui neste pequeno site. Se você não compreender o conteúdo desse site ou da minha tese (que é pública), por gentileza, entre em contato comigo, que terei prazer em responder e esclarecer suas dúvidas. 

A escrita de língua de sinais VisoGrafia, qualificada por mim, como escrita visogramada (por causa do conjunto de visografemas [alfabeto], que chamamos visograma), nasceu da minha cabeça inquieta, que, obviamente, não se satisfaz com o banal. No ano de 2016, iniciei uma série de experimentos que culminaram com o meu doutoramento em Estudos de Linguagem, sob orientação da professora Simone de Jesus Padilha, que me impulsionou para a criação desse sistema.  A VisoGrafia incorpora o princípio da visualidade gráfica do sistema de escrita de língua de sinais Sign Writing e o aspecto alfabético da ELiS (Escrita das Línguas de Sinais). Desse último sistema, emprestou e adaptou vários visografemas (letras).

Claudio Alves Benassi 

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INSERÇÃO E APRENDIZAGEM DE LIBRAS

Comecei a aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras), no final de minha graduação em Música - Licenciatura, no ano de 2011. A nova disciplina inserida por força de lei na grade curricular do curso, me levou a cursar 60 horas de Libras para cumprir os créditos da referida disciplina.

A partir daí, outros cursos de extensão se seguiram. Pouco tempo depois, já me iniciava na docência de Libras em cursos de curta duração, com a finalidade de fixar e desenvolver melhor essa língua. Após uma série de cursos como estudante e outros como docente, me lancei à pesquisa na área da Libras, o que me exigiu uma formação na área. 

Foi então que iniciei em 2013, uma pós-graduação latu senso em Libras, pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci. No curso, além de toda a formação recebida, realizei uma pesquisa inédita no Estado de Mato Grosso, que versou sobre o ensino de música para surdos, que originou um glossário de sinais da área musical em Libras. 

Em 2014, fui contratado como professor substituto na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Por já ter conhecimento do SignWriting, fui designado para a disciplina de Escrita de Sinais. A disciplina me levou a aprendizagem da Escrita das Línguas de Sinais (ELiS), que aprendo rapidamente e a insiro no meu dia a dia. 

No entanto, em sala de aula (tanto no curso de Letras-Libras, na disciplina de Escrita de Sinais, quanto em cursos de extensão) o ensino-aprendizagem da ELiS, nunca fora bem sucedido. Em contrapartida os alunos sempre exaltavam a "visualidade" do SignWriting. Sempre contrapunha essa ideia, provando aos cursistas por meio da escrita e da leitura, que o mesmo, também possui seus aspectos abstratos.

Dada ao número excessivo de caracteres do SignWriting e o exacerbado detalhamento de sua grafia, o que o torna denso e pesado, e a abstração da ELiS, mesmo sendo esta considerada leve e prática, eu percebi em minha prática docente, que uma escrita de língua de sinais precisa ser ao mesmo tempo visual e possuir poucos caracteres. 

Foi então que no início do ano de 2016, em uma tarde de domingo, iniciei então uma releitura desses dois sistemas de escrita de sinais e uma série de experimentos que provaram que essa "fusão", poderia tornar a Escrita de Sinais, um sistema de grafia e registro de informações das Línguas de Sinais, de fácil aprendizagem, grafia e descodificação.

O principal objetivo na elaboração desse novo sistema, foi diminuir o número de caracteres usados para a grafia das línguas de sinais e também, tornar o processo de grafia e leitura, simples e rápido.

Baseado na minha experiência de ensino-aprendizagem de SignWriting, que se tornou improdutivo ao longo do tempo, pelo excesso de caracteres e da ELiS que em minha experiência, nunca foi bem aceita e, sendo também de meu interesse particular, como pesquisador das línguas de sinais, desenvolver uma escrita de sinais simples para o meu uso diário, em pesquisas nesta área.

O DESENVOLVIMENTO DA VISOGRAFIA

Sinalema da VisoGrafia escrito 

Primeira fase: os primeiros experimentos que deram origem a escrita visogramada da língua de sinais 

O desejo de grafar sinalemas da Libras pela ELiS seguindo a estrutura do SignWriting, já estava presente em minha cachola a um certo tempo, no entanto, eu relutava em colocá-lo em prática. Porém, numa determinada tarde de domingo, veio-me à cabeça uma imagem de um sinal escrito. 

Corri para o escritório, peguei caneta e papel, redigi um sinalema e depois mais outro, até que eu tinha um total de quatro sinalemas escritos. Mostrei-os para um profissional da Libras com vasta experiência no ensino da Libras (professor Anderson Simão Duarte), no entanto, sem muito conhecimento da Escrita de Sinais e para minha surpresa, ele conseguiu ler todos os sinalemas escritos.

Sinalemas: APRENDER, LARANJA/SÁBADO, OUVIR/OUVINTE, CHEIRAR.

Percebendo que os sinalemas podiam ser facilmente lidos, escrevi uma fase e apresentei ao profissional da Libras, já referenciado antes, que para minha surpresa, conseguiu ler a frase, apresentando apenas algumas dúvidas em relação a estrutura usada para a escrita dos sinais no contexto a ele apresentado.

Frase: O Claudio é professor.

Logo depois, apresentei a ideia a minha orientadora de doutorado e a possibilidade de transformá-la numa pesquisa se tornou real. A partir daí, selecionei os caracteres da ELiS e do SignWriting que seriam usados na constituição do novo sistema.

Tentativa de estruturar a VisoGrafia.

Propus um curso de extensão para testar a escrita na aprendizagem. Os primeiros projetos não foram operacionalizados, dada a burocracia no processo de apreciação deles pelo departamento do qual sou membro.

Após a primeira tentativa, de escrever sinalemas da Libras por meio de um novo sistema de escrita de sinais, comecei a me preocupar com a estruturação dele, pois havia percebido que a nova grafia era viável. Experimentei escrever o alfabeto da Língua Portuguesa que é representado na Libras manualmente por meio da digitação manual, ou seja, da datilologia.

Primeira tentativa de representar o alfabeto manual da Língua Portuguesa usado na Libras por meio da datilologia.

O primeiro problema de representação de configuração de mão, surgiu com a letra S, e posteriormente com a letra T. Em relação a letra S, preferi, primeiramente, tentar representá-la somente pelo uso do visografema de orientação de palma. 

No entanto, este precisava se diferenciar, pois se tratava da representação da configuração de mão. Experimentei escrevê-la em formato circular, ideia rapidamente por mim, abandonada.

Segunda tentativa de grafar o alfabeto manual.

A solução para este problema, foi adotar a representação da configuração de mão S usada na ELiS que representa a mesma com um grande ponto, pois a admite como sendo uma somatória das configurações de dedos fechados de toda a mão.

O segundo problema de representação gráfica, surgiu na grafia da letra T, que se assemelhava muito com a da letra F. A solução encontrada para distinguir as duas configurações de mão, foi grafar na letra T, em cima do visografema que representa o dedo polegar, um pequeno ponto. 

O último experimento com a grafia do alfabeto, me levou a uma estrutura que permaneceu quase que inalterada. Esta estrutura do alfabeto manual escrito pela VisoGrafia foi levada e apresentada aos alunos do curso de extensão de Escrita de Sinais, que foi ofertado pela Direção do Instituto de Educação da UFMT, durante a terceira fase da VisoGrafia.

Terceira tentativa de representar graficamente o alfabeto manual.

A partir desse curso, foi admitido então novas grafias para as configurações de mão, considerando apenas a escrita dos dedos estendidos, curvos ou muito curvos e novos visografemas foram desenvolvidos para as orientações de palma (para medial, distal, cima e baixo).

Novos visografemas de orientação de palma.

Foi definido então que o alfabeto manual seria escrito levando em consideração apenas os dedos ativos na configuração de mão (dedos estendidos, semicurvos e curvos). Também foram selecionados os visografemas que fariam parte do sistema VisoGrafia. Um total de 64 visografemas e 24 diacríticos. Defini também a estrutura linear como sendo a ordem do novo sistema. 

Primeiro visograma da VisoGrafia

Nesta fase do desenvolvimento da VisoGrafia, foram selecionados os visografemas que compuseram o primeiro visograma. A VisoGrafia nasceu com um total de 64 visografemas, distribuídos em quatro específicos de paremas, sendo estes o de configuração de dedos, subdivididos em configurações do polegar (1a) e configurações dos outros dedos (2b); o de orientação de palma (2); o de locação (3) e o de movimentos subdivididos em movimentos de braço (4a), de dedos e de punho (4b) e de movimentos faciais e corporais (4c) (expressões não manuais).  

Além dos visografemas que compuseram o primeiro visograma, foi necessário desenvolver diacríticos (espécie de sinal gráfico utilizado sobrescritamente ao visografema), para complementar a grafia dos sinalemas, pois alguns aspectos dos mesmos não eram contemplados pela escrita utilizando somente os visografemas ou ainda, utilizando os visografemas sobrescritos a outros como diacríticos. O primeiro sistema de diacríticos da VisoGrafia era composto de 24 símbolos gráficos, conforme tabela número XX.

Primeiro sistema de diacríticos da VisoGrafia.

COMPROVAÇÃO DA VIABILIDADE DA GRAFIA E DA LEITURA 

Todos os experimentos para a comprovação da viabilidade da escrita e da leitura da Libras por meio da VisoGrafia, foram realizados em maio de 2016, a partir da primeira estruturação desse novo sistema de escrita de sinais. 

Diversos sinais foram escritos em pequenas filipetas de papel e foram mostrados a profissionais da Libras, dentre eles acadêmicos estudantes, professores e intérpretes da Língua Brasileira de Sinais, tendo como critério de seleção, possuir pouco ou nenhum conhecimento da escrita de sinais.

Em suma, todos os experimentos mostraram resultados positivos para a viabilidade, primeiramente da escrita, pois todos os sinais da Libras escolhidos, foram por mim grafados, sem problemas de representação, e, segundamente, os sinais foram lidos pelos sujeitos pesquisados, com considerável facilidade e rapidez. 

Vejamos dois experimentos de leitura:

1) No experimento, a acadêmica recebeu uma filipeta contendo quatro sinais escritos pela VisoGrafia, que deveriam ser lidos e o significado em Português, deveria ser escrito no espaço destinado para esse fim. Os sinais eram estes: PESQUISA/PESQUISAR, CASA, SABER e ACREDITAR. Os sinais são bimanuais assimético, simétrico e compostos, repectivamente. Gramaticalmente, sinal polissêmico podendo em contexto ser substantivo ou verbo simples, respectivamente. 

Experimento de leitura realizado pela acadêmica R.S.

A atividade foi orientada para a finalidade da verificação da viabilidade da leitura, que ficou comprovada, pela rápida leitura realizada por R.S. Segundo Benassi, Duarte, Souza e Padilha (2016), a acadêmica realizou a leitura em três minutos e necessitou de explicação apenas para decodificar o visografema de movimento do primeiro sinal escrito. 

2) De todos os experimentos realizados, este foi o maior. A acadêmica recebeu duas filipetas, sendo que nesta estão escritos seis sinais: PESQUISA/PESQUISAR, CASA, SABER, ACREDITAR, LARANJA/SÁBADO e ENTENDER, dois sinais a mais que na filipeta do experimento anterior. Esses dois sinais são monomauais e gramaticalmente são substantivos e verbo simples. 

Experimento de leitura realizado pela acadêmica A.B.R.

Por sua experiência com a Escrita das Línguas de Sinais (ELiS) a acadêmica leu os sinais rapidamente e grafou em Português os seus significados. Além disso, a acadêmica sugeriu inclinar a escrita dos visografemas para torna-los mais visuais. Com isso ficou provada a viabilidade da grafia e da leitura de sinais da Libras pela VisoGrafia.   

Segunda fase: definição da estrutura e da forma da escrita dos sinalemas

Com o visograma totalmente desenvolvido, contando a VisoGrafia ainda com um sistema de diacríticos, a mesma entra em sua segunda fase com a definição da forma da grafia dos sinalemas, que deveria se dar da seguinte forma: 

1) os sinalemas são grafadas da esquerda para a direita linearmente - (Frase: MEU NOME É CLAUDIO); 

Meu nome é C-L-A-U-D-I-O. 

2) os sinalemas cuja locação for a cabeça, o tronco, o membro, a mão ou os dedos, a escrita deve obedecer a seguinte ordem: I) locação; II) orientação da palma, III) configuração de dedos do polegar para o mínimo. O polegar deve ser escrito no meio do visografema de orientação de palma e os demais no topo; IV) movimentos e por último as expressões faciais e corporais - (Sinalema: CHEIO/ABARROTADO);

Sinalema CHEIO/ABARROTADO.

3) os sinalemas articulados no espaço neutro, não terão a locação escrita, pois ficará a mesma subtendida - (Sinalema NOME);

Sinalema NOME.

4) para demonstrar o contato de mão com alguma parte do corpo, deverá ser usado alguns dos símbolos gráficos a seguir: * (asterisco) para o toque da mão; + (mais) para pegar e > ou <  (maior ou menor) para o toque da mão entre os dedos - (Sinalema ACASALAR);  

Sinalema ACASALAR

5) nos sinalemas em que a mão se aproxima do ponto de contato mas não o realiza, devem ser escritos as configurações de mão de ambas as mãos, sem escrever os diacríticos de contato - (Sinalema SIGN WRITING); 

Sinalema SIGN WRITING

6) em sinalemas com configurações de dedos estendidos ou semi-curvos em que apenas um ou dois dedos realize contato com uma determinada região do corpo ou que se movimente diferentemente dos demais dedos, os números de 1 a 5 poderão ser usados para indicar precisamente qual dedo faz o contato ou o movimento. Correspondências: 1 - polegar; 2 - indicador; 3 - médio; 4 - anular (anelar) e 5 - mínimo;  

Sinalema AMANHÃ

7) em sinalemas cuja orientação da ponta do dedo seja para frente combinada com orientação de palma para medial, orientação de ponta de dedo seja para trás combinada com orientação de ponta palma para distal, deverão ser usados os diacríticos da imagem da regra 7;

Regras para grafar a Orientação da Ponta do Dedo

8) em sinalemas cuja orientação da palma for medial ou distal e o polegar for estendido, o mesmo deve ser escrito no lado do visografema de orientação da palma que indica o dorso da mão. Nos demais, deve ser escritos na palma, salve exceções de visualidade - (Sinalema LIBRAS);  

Sinalema LIBRAS

9) sinalemas monomanuais devem ser escritos da seguinte forma: observando a ordem expressa no item 2, obedecendo as características de dominância da mão, independente do sinalizador/escritor ser destro ou canhoto, a escrita deste tipo de sinal deve ser sempre à direita - (Sinalema SINAL/SINALEMA);

Sinalema SINAL

10) sinalemas bimanuais simétricos devem ser escritos observando as regras grafotáticas expressas no item 2, para as duas mãos. Primeiramente, devem ser escrita a mão esquerda, seguida da direita. Em sinalemas cuja direção do movimento seja igual para as duas mãos, o movimento deve ser escrito embaixo das configurações das mãos centralizado - (Sinalema LIVRO). Já nos casos em que as mãos não compartilhe a mesma direção do movimento, este poderá ser escrito de duas formas: embaixo de cada mão (Sinalema HOJE), ou ao lado dela (Sinalama AFASTAR);

Sinalema LIVRO

Sinalema HOJE

Sinalema AFASTAR

11) sinalemas compostos ou divisíveis, deve ser utilizado o sinal gráfico da imagem da regra 11 entre as partes, linearmente para indicar, como na ELiS, as partes dos sinalemas (Sinalema ABAJUR);

Sinalema ABAJUR

12) em sinalemas assimétricos a escrita deve observar as regras expressas no item 2, para cada mão. A grafia deve se dar sempre da esquerda para a direita - (Sinalema SEMANA). Sinalemas assimétricos com a orientação da palma para frente ou para trás cujo dorso ou palma funcione como ponto de contato, em virtude da estrutura desses visografemas, o ponto de contato dorso e palma deve ser sobrescritos para deixar claro o registro da informação - (Sinalema LEI);

Sinalema SEMANA

Sinalema LEI

13) os sinalemas com mão passiva ou de apoio cuja a orientação de palma fosse para cima ou para baixo, que constitui a palma ou o dorso, respectivamente, como pontos de contato para a mão dominante, deveria ser escrito apenas o ponto de contato (palma ou dorso), uma vez que, o formato da mão não implica disjunção, ou seja, em um sinalema com mão de apoio, cuja orientação da palma seja para cima, em que a mesma sirva como ponto de contato para a mão dominante, a mudança do formato da mão não, implica na mudança do significado do sinalema. Assim sendo, a grafia deste tipo de sinalema, deve considerar apenas o ponto de contato da mão de apoio;

Exemplificação de que a configuração da mão de apoio não altera o significado do sinalema.

Sinalema COMEÇAR

14) os sinalemas cuja estrutura seja a datilologia (representação manual das letras do alfabeto da língua oral), as letras devem ser escritas linearmente da esquerda para a direita;

Exemplo: sinalema datilológico COPO

15) os números poderão ser grafados de duas formas, observando as especificidades constitucionais dos números na Libras: os números cardinais devem ser grafados prioritariamente em algarismos indo-arábicos - 1152503458 e assim por diante, no entanto, poderão ser grafados "por extenso" - (Exemplo 1), aconselho o uso da grafia dos números cardinais "por extenso", apenas dos números de 1 ao 9. Os números quantitativos devem ser grafados observando as regras da língua de sinais para os mesmos, ou seja, a grafia pode ser dar nas duas modalidades (em algarismos indo-arábicos e "por extenso"). Na grafia "por extenso", observar que os mesmos são sinalizados próximos no quadrante formado pela lateral da cabeça e linha do ombro, sendo que nos números de 1 ao 4, a orientação da ponta do dedo é para cima - (Exemplo 2). Os números cardinais também poderão ser grafados pelas duas modalidades. Na grafia em algarismos indo-arábicos, o sinal de grau (º) deverá ser substituído pelo visografema de movimento para cima e para baixo (Exemplo 3) do primeiro ao quarto (Exemplo 4) e para esquerda e para direita (Exemplo 5) do quinto ao nono, incluindo o 0º (Exemplo 6), sempre sobrescrito a casa que corresponde a unidade. Em relação a grafia por extenso, o mesmo princípio deve ser observado. Aconselha-se a utilizar a grafia por extenso do primeiro ao nono apenas (Exemplo 7);

Exemplo de escrita dos numerais.

16) o sistema de pontuação é similar ao admitido pela ELiS. Nela, o ponto final é vazado para que não haja confusão com o ponto que representa a configuração de dedo "fechado". Os dois pontos também apresenta esta estrutura para não haver confusão em relação aos dois pontos que constitui o diacrítico de movimento com repetição igual. Os demais componente desse sistema são similares ao da grafia da língua oral, conforme tabela da regra 16;

Sistema de pontuação da VisoGrafia

17) Sinais não manuais e ENM também são passíveis de serem escritos na VisoGrafia. Recomenda-se, em textos acadêmicos o uso de ENM gramaticais apenas. Em textos literários, o uso das ENM é livre. Na estrutura da VisoGrafia, os símbolos usados para escrever sinais não manuais e ENM, são considerados apenas diacríticos e não entram na contagem dos visografemas que compõem o visograma desse sistema de escrita de sinais.

Exemplo de grafia das expressões não manuais

Tendo estruturado o a forma de escrita dos sinalemas, números e sistema de pontuação, a VisoGrafia estava pronta para ser inserida e testada no processo de aprendizagem. Um projeto de curso de Extensão foi apresentado à direção do Instituto de Educação (IE), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que o aprovou, dando início a terceira fase da VisoGrafia.  

Terceira fase: aplicação da VisoGrafia no processo de ensino-aprendizagem e convenção do sistema de escrita

O curso foi implementado e contou com um total de 33 estudantes matriculados. Deste montante, dois alunos eram visuais (surdos) e os demais ouvintes. Sete estudantes ouvintes dentre os 31, acompanharam as aulas por vídeo conferência e aulas em sistema EAD. No decorrer do curso, iniciado no segundo semestre de 2016, ocorreu na UFMT uma paralisação, em que alunos de diversos institutos, incluindo o IE, reivindicando melhorias em seus cursos/institutos, impediram professores e técnicos de realizarem suas atividades. 

Em decorrência deste fato, algumas aulas do curso foram realizadas em um Ambiente Virtual de Aprendizagem para todos os alunos. As aulas eram gravadas em vídeo e também as atividades eram preparadas e postadas no drive virtual que era acessado pelos estudantes, dando sequência ao seu aprendizado.     

No curso de extensão, com a intervenção dos cursistas ouvintes e visuais, decidiu-se alterar a estrutura da escrita das configurações de mão. Passou-se a partir daí, a escrever todos os dedos, independentemente da posição, conforme exemplifica o sinalema TRABALHO/TRABALHAR escrito abaixo:

Sinalema TRABALHO/TRABALHAR

A sugestão de grafar todos os dedos, independente de qual configuração os mesmos apresentem, foi dada por um estudante visual. A sugestão foi debatida, aceita e implementada pois todos os alunos concordaram que desta forma os sinalemas escritos seriam mais visual. 

Também, convencionou-se que os visografemas para os dedos estendidos seriam móveis e poderiam ser girados em quaisquer direções, bem como, as orientações de palma acima citadas, passaram a ter a aplicação deste mesmo princípio. Esta estrutura fora definida na primeira fase e convencionada nessa em função de passar pelo crivo dos estudantes.

Além desses aspectos, com a colaboração dos alunos visuais e ouvintes, os visografemas de movimento para frente, para trás e para frente e para trás  foram alterados, levando em consideração o princípio da placa de trânsito "siga em frente", foi admitido nos visografemas de movimentos para frente, para trás, para frente e para trás.

Quadro com os visografemas de movimento do braço alterados. É errado afirma (como um "pesquisador" fez), que a VisoGrafia não tem símbolos próprios

Aos cursistas eu apresentei a proposta  de que no caso do braço atravessar de um lado do corpo para o outro, o sinalema deveria ser grafado com uma linha que representasse o braço. Eles debateram e unanimemente decidiram convencionar a proposta como uma regra grafotática da VisoGrafia.   

Exemplos da grafia de sinais nos quais o braço cruza o corpo ou em que os braços se cruzam

No curso foi apresentada a estrutura linear de escrita dos sinalemas compostos e divisíveis. No entanto, os cursistas apontaram que em alguns casos, os sinalemas escritos não ficavam muito visíveis. Assim sendo, propuseram, debateram e convencionaram que os sinais seriam escritos tanto linear horizontalmente quanto verticalmente, observando a visualidade da execução.  

Exemplo da grafia de sinalemas compostos SHOPPING; INTÉRPRETE; ÁRABE E MESA

Tivemos amplas discussões a respeito da estrutura da escrita do sinalema FAMÍLIA e todos os outros que assumem o mesmo tipo de articulação. O sinal foi escrito como sendo um sinal monossílabo com movimento de giro completo do pulso. No entanto, as últimas reflexões sobre essa temática, nos levou a definir que a grafia desse tipo de sinal, fica mais fidedigna, separando-o em duas partes, uma com orientação de palma para frente e outra com a orientação da palma para trás, como nos exemplos com os sinalemas SEMINÁRIO, REUNIÃO e FAMÍLIA.

Exemplos da grafia de sinalemas compostos: SEMINÁRIO, REUNIÃO e FAMÍLIA.

Nesta fase da VisoGrafia, refletimos sobre a ironia. Apesar de pouco explorada e entendida de forma equivocada, a mesma também é um recurso que pode ser explorado textualmente na língua de sinais. Como em nossos experimentos de escrita, a ironia não ficou bem expressa na grafia das expressões não manuais, criamos um símbolo específico para esse fim. Esse ponto foi chamado de ponto de ironia.

Convencionamos também na escrita de sinais VisoGrafia, o uso travessão. No discurso direto, ele marca a fala de um personagem ou mudança de interlocutor nos diálogos. Serve também para marcar expressões ou frases explicativas, intercaladas. É usado ainda, para destacar algum elemento no interior de uma frase, servindo muitas vezes para realçar o aposto ou substituir a utilização de vírgulas, ponto e vírgula ou dois pontos em alguns casos. 

As aspas - " " - são utilizadas na escrita para indicar citações; destacar palavras pouco usadas, tais como, palavras estrangeiras (embora, para este caso, seja preferível o itálico), palavras com outro sentido, como afetivo, irónico, etc.). Já os - ( ) - parênteses são utilizados para se fazer um comentário ou se dar pequenas explicações a respeito da enunciação anterior.

Com as mudanças implementadas no sistema de escrita de sinais VisoGrafia, por meio da intervenção dos cursistas visuais e ouvintes, o número de caracteres da VisoGrafia diminuir para 46. Alguns caracteres foram excluídos e outros alterados. 

Os visografemas de movimentos faciais e corporais foram, a partir do debate e convenção dos alunos, rebaixados à categoria de diacríticos. Sendo assim, o número de diacríticos subiu para 55.

Segundo visograma da VisoGrafia

Segundo sistema de diácriticos da VisoGrafia

Estrutura da escrita do polegar em relação à mão


Uma das principais dificuldades dos aprendentes da VisoGrafia, apresentada ao longos do curso de extensão e das disciplinas de escrita de sinais nas quais a VisoGrafia foi aplicada, foi em relação à escrita da orientação da palma e a orientação da ponta dos dedos, relacionadas a posição do polegar. 

Para facilitar o processo de aprendizagem, um texto explicativo com imagens foi inserido no drive em que as vídeo-aulas eram postadas. Essas explicações também foram inseridas no website da VisoGrafia.

Nas orientações de palma para frente e para trás, a regra é simples: grafa-se o polegar tal qual é visto pelo próprio escritor, ou seja, a visão daquele que escreve. No caso da orientação de palma para frente combinada com orientação de ponta de dedo para medial, o polegar deve ser escrita na parte de baixo do visografema de orientação da palma. Sendo a ponta de dedo para a distal, o polegar deve ser escrito em cima. 

No caso das orientações de palma para medial e para distal, há uma convenção de que sempre que o polegar estiver estendido na horizontal (_), sua escrita será realizada no visografema de orientação de palma do lado que representa o dorso, ou seja, do lado colorido. Nas demais posições, sem exceção, a escrita deverá se dar no lado que representa a palma, o lado branco do visografema. 

É necessário observar que nessas duas orientações da palma, estando as pontas dos dedos para frente (medial e distal) e para trás (distal), é preciso escrever os diacríticos de ponta de dedo (para frente ou para trás). 


Nas orientações de palma para cima e para baixo, a regra é simples: o polegar sempre será escrito do lado do visografema que representa a palma da mão, estando o mesmo estendi- do ou não. Não há, portanto, exceções a esta regra. Em ambas as orientações de palma, quando o eixo da palma da mão ou orientação de ponta de dedo estiver para frente, não há a necessidade de escrever o diacrítico de ponta de dedo.

Isso porque, quando posicionamos as mãos com essas orientações de palma (para cima/para baixo), as posicionamos naturalmente com as pontas de dedo para frente, logo, não é necessário escrever diacrítico de orientação de ponta de dedo. 

SOBRE O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

No curso, além da convenção do sistema de escrita por alunos visuais e ouvintes, obtivemos dados sobre a aprendizagem da VisoGrafia. Na primeira fase, realizamos experimentos que provaram a viabilidade da escrita de sinalemas, como também sua leitura de forma rápida e confortável.

No processo de ensino-aprendizagem no curso de extensão, com apenas sete aulas, muitos cursistas já escreviam e liam sinalemas escritos em VisoGrafia, sendo que quatro dos estudantes, escreviam enunciados completos em Libras pela VisoGrafia. Esses dados apontam para a rápida apreensão do sistema, que foi considerado pelos alunos visual e a rapidez do aprendizado relacionado com baixo número visografemas.

A nossa escrita de sinais foi aplicada em duas disciplinas de cursos de graduação em Letras-Libras - Licenciaturas. A primeira foi de um curso modular semi-presencial, com turma constituída por alunos visuais (surdos) e ouvintes. 

 Atividades aplicadas no ensino de VisoGrafia. Palavras escritas: 1) MEU; 2) SINAL (propositalmente faltando a letra N, percebida pelo aluno); 3) EVA; 4) HOJE. 

Como é comum a este curso que é modular e semi-presencial, aconteceram duas aulas presenciais, nas quais a VisoGrafia foi mediada na estrutura até então vigente. Já no final da primeira aula, os alunos conseguiram escrever seus nomes em datilologia e ler palavras simples escritas em datilologia pela VisoGrafia, tais como as da figura acima.

Na segunda aula desta mesma turma, várias atividades foram aplicadas, sendo que duas delas foram as mais marcantes: uma em que os estudantes deveriam escrever o próprio sinal, e outra em que deveriam ler sinais escritos em pequenas filipetas de papel por eles sorteadas. O resultado foi surpreendente e positivo em ambos os casos.

Em alguns casos, na escrita do sinal nominal ou sinal próprio, foram necessárias explicações adicionais e várias adequações, dado o pouco contato com o sistema de escrita de sinais VisoGrafia, e também pelo pouco conhecimento viso-morfológico dos acadêmicos. 

Na segunda disciplina, em um curso presencial modular com 32 horas de duração e com turma constituída por alunos ouvintes, o desenvolvimento deles foi similar ao da turma anterior nos dois primeiros dias de aula. Foi o primeiro contato dos acadêmicos com a escrita de sinais, e no segundo dia, todos os matriculados leram e escreveram sinais com maior ou menor dificuldade.

Alguns materiais didáticos produzidos pelos acadêmicos de Letras-Libras da UFMT, turma 2016

Na oitava aula desta disciplina, como atividade final, os acadêmicos escolheram entre desenvolver materiais para o ensino-aprendizagem da VisoGrafia, produzir um texto em VisoGrafia ou um artigo sobre a experiência da aprendizagem da mesma. Dentre os materiais desenvolvidos, apresentamos os que seguem abaixo. Os textos serão expostos e analisados em futuras produções acadêmicas.

Tradução para o português do texto escrito em VisoGrafia por uma aluna matriculada na disciplina de escrita de sinais ao final da disciplina que tem carga horária de 32 horas. "Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT. Aluna: Áurea de Santana Bueno. Docente: Claudio Alves Benassi. Disciplina Escrita de Sinais - Sistema VisoGrafia. 'Minhas férias' - Nas férias, eu viajei para o Rio Grande do Sul. Eu e meu avô fomos juntos ao circo. No circo tem palhaçadas, risos, pessoas se divertindo e muitas piadas. Eu fiquei feliz ao passear com meu avô e já estou ansiosa pelas próximas férias."

MUDANÇAS

Nesta página, estão alocadas as alterações implementadas na estrutura basilar da VisoGrafia, por datas. As mudanças a seguir, foram amplamente discutidas com usuários da Libras que conhecem a escrita de sinais VisoGrafia. Cada alteração implementada, passa a valer após a data de sua plubicação. 

As alterações foram propostas em um grupo em rede social, constituído por quatro membros, sendo eles, o pesquisador/proponente da VisoGrafia juntamente com outros três profissionais e acadêmicos fluentes em Libras, que debateram e convencionaram cada mudança implementada. 

Algumas mudanças foram sugestões dos alunos dos cursos de Licenciatura em Letras Libras, nos quais a VisoGrafia foi aplicada, sendo estes dois: um curso semi-presencial e outro presencial. No curso presencial, a turma era composta por alunos visuais (surdos) e ouvintes. Já no presencial, os alunos eram todos ouvintes. As principais mudanças implementadas na VisoGrafia com a colaboração desses alunos, foram nos visografemas de movimento. 

ALTERAÇÕES IMPLEMENTADAS EM 28 DE ABRIL DE 2017

ORIENTAÇÃO DE PALMA

No intuito de tornar os visografemas que representam as orientações de palma coerentes, propusemos e discutimos as mudanças que ora se efetiva. Assim, a partir de agora, usar-se-á os visografemas escritos nas células "Atual" da tabela abaixo, para escrever as orientações de palma em questão. 

A diferenciação entre a orientação de palma e a locação que utilizará os mesmos visografemas a partir de agora, dar-se-á por meio da utilização dos visografemas de configuração de dedo, para a escrita da orientação de palma e do asterisco que indica contato para a escrita da locação.

Mudança nos visografemas de orientação de palma para frente e para trás. A célula "Anterior" da tabela, mostra o visografema antigo e a "Atual" o novo. Sinais escritos: NOME e COMEÇAR. 

LOCAÇÃO

Em consequência da mudança dos visografemas de orientação de palma para frente e para trás, o visografema de locação dorso da mão também foi alterado. A partir de agora utilizar-se-á o seguinte visografema para escrever estas locações: 

Mudança no visografema de locação dorso. A célula "Anterior" da tabela, mostra o visografema antigo e a "Atual" o novo. Sinal escrito: CURSO. 

LOCAÇÃO DO PESCOÇO E DA PERNA

Para tornar o visografema de locação do pescoço mais fidedigno, implementamos uma inversão na forma como o utilizávamos anteriormente. A mudança implementada, permite-nos invertIe-lo e usá-lo como representação da locação perna. Com isso, o visografema utilizado para escrever as locações pescoço e perna, passa a ser um único visografema. O que distiguirá ambos é a sua inversão no momento da escrita, conforme pode ser notar nas figuras abaixo.

Mudança no visografema do pescoço. Sinal escrito: SUJO.

Mudança no visografema das pernas. Sinal escrito: CULPA.

ORIENTAÇÃO DE PONTA DE DEDO

A mudança nos visografemas de orientação de palma, causou ainda outras consequências. Em virtude dessa mudança, os diacríticos utilizados para escrever as orientações de ponta de dedo também mudaram, tornando o processo de grafia, mais simples. 

Mudança  nos diacríticos de orientação de ponta de dedo. A célula "Anterior" da tabela mostra o antigo e a "Atual" mostra o novo. Sinais escritos SEMPRE e EU, respectivamente. 

ALTERAÇÕES IMPLEMENTADAS EM 29 DE ABRIL DE 2017

MOVIMENTOS CIRCULARES

Após experimentações com usuários da VisoGrafia, alteramos os visografemas de movimentos circulares. Todos a partir desta data, passam a ser escritos com seta que indica a direção do movimento. Assim, considerar-se-á a cabeça de seta ">" como diacrítico representante de direção dos movimentos circulares, conforme exemplifica imagem abaixo. 

Movimentos circulares em espiral, continuam a ser escritos combinados com um visografema de direção sobrescrito. 

Mudança nos visografemas de movimentos circulares. Sinais escritos: BRINCAR, CONVERSAR e UNIVERSIDADE.

ALTERAÇÕES IMPLEMENTADAS EM 04 DE MAIO DE 2017

MOVIMENTOS DE DEDOS

Em virtude das amplas discursões e da aplicação da VisoGrafia no processo de ensino-aprendizagem, implementamos uma série de mudanças no sentido de ampliar a dinamicidade do processo de grafia, bem como, facilitar o processo de leitura da escrita de sinais. Abaixo estão dispostos os visografemas usados para representar os movimentos de dedos da seguinte forma: anterior no cor preta e atual na cor azul, que passa a valer a partir desta data.

Mudança no visografemas de movimento de dedo. Sinais escritos: ASCENDER A LUZ; APAGAR A LUZ; BRASIL e TEMA.

MOVIMENTO DE BRAÇO

No curso de extensão de VisoGrafia, oferecido pelo Instituto de Educação do Universidade Federal de Mato Grosso, convecionamos o uso dos visografemas de movimento para frente e de movimento para trás, e ainda, um terceiro que representava os movimentos para frente e para trás. 

Visografemas de movimento de braço para frente e para trás da ELiS e da VisoGrafia.

O visografema foi constituído partindo do princípio usado na ELiS de um traço horizontal representando o corpo e outro vertical representando o percurso que o braço realiza ao se afastar do corpo. O visografema de movimento para trás, é o mesmo visografema de movimento para frente, mas de maneira inversa. 

Mudança no visografema de movimento de braço para trás.

Após discussões, chegamos a conclusão de que o visografema de movimento de braço para frente estava bem representado pelo visografema criado com base no utilizado pela ELiS com a adição da cabeça de seta para indicar direção. No entanto, o de movimento para trás não representava fidedignamente o movimento. Assim sendo, testamos e implementamos outro visografema.

Mudança no visografema de movimento para trás. Sinal escrito: VIR.

Para escrever sinais em que o braço se movimente para frente e para trás, escrever-se-á o visografema de movimento (para frente ou para trás), seguido do diacrítico de movimento repetido igual. No caso de sinal bimanual com movimento alternado, escrever-se-á o visografema de movimento para frente, seguindo do diacrítico de repetição alternado e por último, o visografema de movimento para trás. 

Mudança na estrutura da escrita do movimento para frente e para trás.

Em consequência a mudança nos visografemos de abrir a mão e fechar, os dicríticos utilizados para mudam. Passa a ser usados para representar o abrir e o fechar dos olhos os novos visografemas de abrir e fechar a mão. Em nossas discussões, decidimos em virtude da utilização do diacrítico de movimento repetido igual (:) ou de forma alternada (..), eliminar o visografema de movimento para frente e para trás, pois ao escrever o referido diacrítico junto ao visografema de abrir ou de fechar a mão, ao se repetir o movimento, a mão consequentemente se abrirá e fechará.

Mudança na utilização dos diacríticos de abrir e de fechar os olhos e exclusão do visografema de abrir e fechar a mão.

Para escrever sinal ou classificador em que as duas mãos se abram e se fechem alternadamente (luzes piscando alternadamente), passa a valer a seguinte regra grafotática: escrever-se-á o movimento inicial (abrir ou fechar), na sequência, o diacrítico de repetição de movimento alternada (..) e por fim, escrever-se-á o movimento final (abrir ou fechar).   

Forma da escrita do movimento de abrir e fechar a mão.

ALTERAÇÕES IMPLEMENTADAS EM 10 DE MAIO DE 2017

MOVIMENTO DE PUNHO E DO ANTEBRAÇO

As últimas alterações nos visografemas, corresponde aos relativos aos movimentos de punho e do antebraço. No todo, quatro visografemas foram modificados. Essas alterações foram implementadas para tornar os visografemas mais fidedignos aos movimentos que representam.

Mudança nos visografemas de movimento de punho e do antebraço.

Assim, a partir desta data, passam a valer os novos visografemas expostos na imagem acima. Abaixo, estão exibidos a aplicação dos novos visografemas, para a escrita dos movimentos de articulação do punho, rotação do punho articulado em 180º, rotação do punho em 360º e de rotação do antebraço em 180º.

Mudança nos visografemas de movimento de punho e do antebraço. Sinais escritos: SIM, PRECISAR, SINAL, GRAMÁTICA. 

Convencionou-se a exclusão dos visografemas de locação do alto da cabeça (figura 1) e embaixo do queixo (figura 2). Para representa-los a partir da exclusão, criou-se os diacríticos do alto da cabeça (figura 3) e embaixo do queijo (figura 4), que se utilizam do visografema de locação da cabeça da seguinte forma: alto da cabeça (figura 5) e embaixo do queixo (figura 06). 

Novos diacríticos de alto da cabeça e embaixo do queixo.

ALTERAÇÕES IMPLEMENTADAS EM 11 DE MAIO DE 2017

ESCRITA DE SINALEMA COMPOSTO E DIVISÍVEL


Um dos pontos mais polêmicos em nossas discussões sobre a forma da escrita, certamente, está relacionado aos vários tipos de sinalemas compostos. Como na ELiS, admitimos o símbolo que congrega três pontos em forma de pirâmide. Após nossas dicussões, deliberamos pela exclusão deste símbolo, passando, esses tipos de sinais, a serem escritos da maneira abaixo. 

Mudança na estrutura da escrita dos sinais compostos. Sinais escritos: ACREDITAR, ATIVIDADE, PÓS-GRADUAÇÃO, SALA. 

Quanto a escrita dos sinalemas compostos SEMINÁRIO e FAMÍLIA (os mais polêmicos em relação à sua forma de escrita), deliberamos e convencionamos que sua escrita se comportaria da forma como se apresenta na imagem. A todos os sinalemas desse tipo (DEPARTAMENTO, REUNIÃO, CONGREGAÇÃO, entre outros), será aplicado o mesmo princípio.

Mudança na estrutura da escrita do sinal composto SEMINÁRIO e FAMÍLIA. 


Para identificar se o sinalema é ou não composto, deve-se observar os seguintes critérios: 1) composição morfológica do sinal. Ex.: ESCOLA; 2) mudança de configuração de mão, após uma pausa na execução. EX.: TODO MUNDO; 3) mudança na locação após uma pausa na execução. EX.: SAÚDE; 4) mudança na direção do movimento. Ex.: MESA.  

Exemplos da forma de escrita de sinais compostos.

ESCRITA DO SINALEMA EU E DEDOS NA ORIENTAÇÃO DE PALMA PARA DISTAL

As últimas alterações implementadas na estrutura de sinalemas, corresponde à escrita do sinalema EU, em relação ao posicionamento da escrita da mão na locação. Também alteramos a estrutura da escrita dos dedos na orientação da palma da mão para distal com orientação das pontas dos dedos para trás, conforme figura abaixo. 

Mudança na escrita do sinal EU e na escrita dos dedos em relação a orientação da palma distal.

OUTRAS ALTERAÇÕES

A partir da aplicação da VisoGrafia no curso de escrita de sinais no Laboratório de Aprendizagem Avançada (LAA), projeto coordenado pela professora Sebastiana Almeida Souza, novas mudanças foram implementadas no sistema. São elas:

1) mudança na forma de orientação. Anteriormente, a VisoGrafia era escrita apenas do ponto de vista de um sinalizador/escritor destro (figura 01). A partir da convenção, a escrita poderá ser orientada levando em consideração a mão dominante esquerda. No caso do texto escrito por um sinalizador/escritor canhoto, segundo sua percepção dos sinais, deverá ter uma nota esclarecendo que trata-se de um texto em que a mão dominante é a esquerda (figura 02);

2) o sinalema TER passou a ser escrito de forma diferente. Ao invés de escrever o sinalema indicando o contato do polegar (figura 1), passou-se a escrever com a indicação apenas do ponto de articulação (peito) (figura 2). 

3) em virtude da mudança anterior, convencionamos que a escrita do polegar em todos os sinalemas seria na base do visografema de orientação de palma, e não no meio como até então era realizado. 

4) em virtude da mudança na escrita do sinalema TER, também mudou-se a forma de escrever o polegar nas orientações de palma medial (figura 1) e distal (figura 2). Passou-se a escrever o polegar na orientação de palma medial, na face medial do visografema (figura 3), e na orientação distal, passou-se a escrever na face distal do visografema (figura 4).

5) mudou-se a forma da escrita do sinalema EU. Anteriormente, escrevia-se (figura 1), de forma que os cursistas afirmaram que podia ser lido como sendo a locação no abdômen. Para resolver a questão, resolvermos escrever o sinalema da maneira expressa na figura 02. 

06) sinalemas executados no espaço neutro nos quais exista seccionamento no deslocamento da mão/braço, deve ser  escrito com traços embaixo do movimento para representar a secção no deslocamento

07) criou-se um diacrítico para para representar expressões de dúvida. O mesmo pode ser utilizado em sinalemas, tais como, o pronome interrogarivo QUAL?

08) em virtude da adoção da VisoGrafia pelas Revistas Diálogos e Falange Miúda para grafar a tradução para Libras dos resumos dos artigos aprovados para publicação, a partir do segundo número de 2017, criou-se os visografemas de movimento para frente e para trás (figura 1) e de abrir e fechar os dedos (figura 2).

ESTRUTURA ATUAL DA ESCRITA DE LÍNGUA DE SINAIS VISOGRAFIA

Desde a criação, até hoje, a VisoGrafia é um sistema de escrita de língua que sempre levou em consideração, o seu mais interessado: o usuário da língua de sinais. Para convencionarmos o sistema, propusemos um curso de extensão para professores, intérpretes, estudantes e pesquisadores da língua de sinais surdos e ouvintes. Desde então, temos implementado várias modificações no sistema, sempre obedecendo o princípio da coletividade, e sempre atendendo ao principal objetivo da criação da VisoGrafia.

Esse objetivo que muito prezamos é, além de criar, manter o sistema de escrita de língua de sinais VisoGrafia, grafando essa língua visualmente, e com baixo número de caracteres. Dessa forma, discussões sobre o nosso sistema de escrita de língua de sinais são sempre bem-vindas, no entanto, toda e qualquer modificação necessita ser decidida coletivamente e não implicar criação de novos visografemas e/ou diacríticos.

Visograma (alfabeto) atual com 36 visografemas (letras)

O sistema de escrita de sinais VisoGrafia é de estrutura linear, no qual os sinais são escritos da esquerda para a direita, preservando assim, a nossa cultura de escrever e ler em linhas horizontais, orientadas da esquerda para a direita. Aos visossinalizantes com dominância destra, a escrita não exige nenhuma advertência, porém visossinalizadores com mão dominante esquerda (canhotos), recomenda-se adicionar uma nota de rodapé contendo a informação de dominância das mãos. 

lém dos visografemas, a VisoGrafia implementa um conjunto de diacríticos que são uma espécie de acento gráfico que auxilia o registro da língua de sinais, complementando com informações gráficas que um visografemas não possui. Os diacríticos podem ser um símbolo gráfico próprio, como um outro visografema, sempre escrito sobrescritamente ao visografema principal. Veja o quadro atual de diacríticos da VisoGrafia:

Segundo Benassi (2019), a VisoGrafia, quando aplicada na aprendizagem, oportunizou rápida assimilação por parte dos estudantes, por ser um sistema de escrita de língua de sinais com poucos caracteres e com poucas regras de escrita. Acadêmicos de um Curso de Letras-Libras - Licenciatura que participaram do experimento, em duas aulas conseguiram escrever o seu sinal-nome. Em um curso de extensão, alunos surdos e ouvintes conseguiram aprender a escrever e ler língua de sinais em 16 aulas. A escrita de língua de sinais VisoGrafia é o sistema com mais rapidez de aprendizagem.  Em relação a isso, a VisoGrafia é referência!

Veja na figura abaixo, as vantagens da VisoGrafia em relação aos demais sistemas de escrita de língua de sinais.

O sistema de escrita de língua de sinais VisoGrafia é utilizado atualmente na Disciplina Escrita de Sinais do Curso de Letras-Libras - Licenciatura, do Departamento de Letras, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), apesar de não aparecer no PPP desse curso, que não delimita qual sistema deve ser utilizado. 

A razão para a utilização é bastante lógica: a VisoGrafia possui somente 36 visografemas e 37 diacríticos, o que torna o processamento da escrita muito simples, eficaz, visual e rápido, além de ser de fácil e rápida aprendizagem, o que não é possível com outros sistemas. Além disso, a VisoGrafia oferece base para a descrição paremológica da língua de sinais e está sendo aplicada em três pesquisas de doutorado.   

Pesquisas defendidas:

VisoGrafia: o problema do conteúdo, material e forma na escrita de sinais (Tese) 2019

Claudio Alves Benassi 

Aprendizagem de escrita de sinais: aquisição da escrita e da leitura de língua de sinais por meio da VisoGrafia (Dissertação) 2020  

Áurea de Santana Bueno 

Descrição paremológica da Libras: uma análise comparativa de sinalemas em dicionários (Dissertação) 2023  

Maria Emília Novaes dos Santos

Pesquisas em andamento 

Sintaxe da Libras: uma discussão semâtico-gramatical  com foco no uso dos verbos direcionais. Início: 2023. Tese

Áurea de Santana Bueno

Estudo toponímico dos pontos turísticos de Cuiabá em Libras: análise e registro do sinal. Início: 2023. Tese

Rayane Thaynara Santos 

A importância  cultural do registro escrito das línguas de sinais: tradução de livros da coleção "Pequenos cientistas" para a escrita de língua de sinais. Início: 2023. Tese

Rosa Carolina Silva de Gouveia



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