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Mostrando postagens com o rótulo Conto

CASINHA DE PAPEIZINHOS; TETO DE PAPELÃO

  Um conto de Cao Benassi Na Banânia, era comum que as reuniões e demais convescotes do Palácio da Justiça e outras “casas do povo”, fossem regadas a vinhos, queijos e lagostas importados, que somados aos altos salários e penduricalhos, de toda a sorte, da politicama e dos juízes e seus asseclas, fazerem com que, pelas ruas irregulares e esburacadas das cidades bananienses, o povelo vivesse se abaixando, arrastando seus passos pelo peso “imposto” do sofrer.   Descia o trabalhador deixando acima a mulher grávida; abaixo ficava a cidade, e o pobre como qualquer outro desvalido da Banânia, se perdia em seu emaranhado de ruas que para os moradores da casinha de papeizinhos de teto de papelão, o hoje fosse o mesmo que o ontem, vivendo uma vida num mundo sem amanhã.  A chuva caía impiedosa sobre a imponente capital da Banânia. Dada a dita e dura da toga, impetrada pelo seu mais infame representante, o Juizinho Mandão, o paraíso na terra, belo por natureza, abençoado pelos ...

O AMOR MEU CÁRCERE

  Um conto de Cao Benassi O ar gelado daquela manhã outonal não era frio o bastante para diminuir o calor do amor de Sofia e Lucas, que parecia ser imenso. Ele apaixonado e dedicado namorado, não se conteve ao vê-la adentrar à pequena igreja vestida de branco, guiada pelo irmão mais velho, como o mais belo e puro anjo de todo o céu. As promessas sussurradas no altar, de amor eterno e incondicional, por algum tempo, ecoavam em seu coração. Apesar da vida simples, eles construíram um lar cheio de momentos que viraram memórias. A vida e o seu lado prático faziam com que Lucas, um representante comercial, saísse diariamente para o árduo trabalho, levando consigo o beijo de Sofia como sua maior motivação para voltar para casa. Os anos passaram. A vida de Lucas, antes preenchida pela necessidade da partida para o trabalho, pelo amor que continha o beijo e o abraço de Sofia que o fazia retornar saudoso,  aos poucos se transformou numa enfadonha rotina entre a casa e a amada, as estra...

CAPITÃO BIROCA X A DESLUMBRADA DA REPÚBLICA

  UM DESAFIO NADA REPUBLICANO Um conto de Cao Benassi  (*Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência)  Os dias, na conturbada República da Banânia, corriam sem que os bananienses pudessem respirar, em lugar algum, desde as planícies verdejantes da Burocracia aos picos mais elevados da Legislação, algum ar de normalidade. Nesses dias, o que inundava os pobres narizes republicanos, era o fétido odor exalado do Pranalto Central.    Na ensolarada republiqueta, onde o café era forte e a política mais ainda, dois personagens que ali viviam, tomaram os holofotes, pois mais pareciam saídos de contos de fadas às avessas: o Bonorito, de riso estrondoso, era conhecido por sua peculiar paixão por bolitas de gude, e a Sra. Esbanja, a deslumbrada primeira-dama da república que tinha um gosto um tanto… expansivo, eu diria. Bonorito, que respondia também por Capitão Biroca, além de falastrão, era um estrategista nato (quando o assun...

DESGOVERNO

  A REPÚBLICA DA BANÂNIA E O SAPO CACHACEIRO Um conto de Cao Benassi O escaldante sol de Cuiabrasa, cujas boas línguas davam conta de existir um para cada cuiabrasano, não era nem de longe, páreo para o calor infernal que emanava do Palácio do Pranalto , especialmente quando o anfíbio-chefe, o Sapo Cachaceiro, iniciava mais um dia de "trabalho". Seu nome, Egresso Etílico, era uma ironia amarga para a nação, que via sua economia encalhada como um girino no meio da lama seca.  O Sapo Cachaceiro, um batráquio de modos rústicos e fala empolada, quase sempre por aveludadas mentiras, havia galgado os degraus do poder não por mérito, é claro, mas por uma combinação duvidosa de um peculiar e poderoso carisma, e um profundo conhecimento da ensaboada arte de escorregar por entre os dedos da justiça. Seus dias no Palácio do Pranalto começavam com um "café da manhã" à base da mais pura caninha de alambique, genuíno suco de cana fermentada que ele jurava ser "o elixir da s...

O HINO OFICIAL DA JURISLÂNDIA

Um conto de Cao Benassi (* Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência)   No reino distante de Jurislândia, também conhecido como República da Banânia, que ficava encravado entre as verdejantes planícies da Burocracia e as imponentes montanhas da Legislação, vivia um ser muito peculiar conhecido como Xandão, O Magnífico. As boas línguas da Jurislândia, deram a ele as alcunhas de Juizinho Mandão, A Lei Xandre de Imoraes, e ainda, O ovo que tudo vê. Não, não se podia dizer que Xandão, O Magnifíco, era um rei, tampouco um imperador, mas, sim, ele era um juiz. Um juiz, cujo martelo ecoava mais alto que os trovões nos picos mais altos, nos mais distantes rincões. Sua fama de "mandão" não era apenas uma lenda, era a fundação sobre a qual Jurislândia parecia repousar. Xandão, O Magnífico, tinha um olhar penetrante, capaz, diziam as boas línguas que repetiam coisas, pelos corredores do Palácio da Justiça, que ficava encravado no centro da Banârn...

CONTOS DE TERREIRO

N. 3 - IDE E PREGAI  Nos reunimos na roça com o dia ainda escuro. O sol vinha rompendo e a aurora despontava bela! A julgar pelos dias anteriores, nosso domingão seria bem quente, mas isso, seria apenas um detalhe que não nos afastaria de nosso objetivo: cumprir o “ide e pregai"!  Dinda, como nós chamávamos Mameto Suelen de Dandalunda, despachou a porta, demos as mãos e cantamos para mPambo nZila para termos os caminhos abertos naquele dia. Em seguida, nos separou em equipes e atribuiu a cada uma, suas obrigações. Mameto Ndenge Nice de nZumbarandá ficou com a liderança do grupo dos muzenzas. Já a Makota Cris de Kaiala ficou responsável pelo grupo dos maganzas e o kambondo Josias de Roximukumbe ficou responsável pelo grupo que incluía todos os koota maganza. Nice de nZumbarandá iria com os muzenzas de casa em casa panfletar no Bairro Monte Oliveiras. Já Cris de Kaiala com os maganzas iriam realizar visitas no hospital CEMAS (Centro Especializado em Medicina e Assistência À Saúd...

PARECE, MAS NÃO É!

- Olha quem acordou! - O que aconteceu? - Você passou mal e foi internada, mamãe! - Sério? E como foi? Eu apaguei? Por quanto tempo? O que o médico disse? Vou ficar boa logo? Quando em vou embor… - Mas; quem é você? Você não é funcionário do hospital? Você não deveria estar a… - Aê, na moral tia, perdeu mané; perdeu! Isso é assalto, sacô madame?! - Que isso… você não está vendo que isso é aqui é um hospital? Estamos numa UTI: mamãe está mal, acordou agora! - Já falei, aê: bo-ta-pra-dren-to; vê se num treta, pra num fudê co’a porra todaê, valeu?!  - A que ponto chegamos?! - Num fode! Passa tudo logo, tia, na calma! Nóis agora temu precedente, tá ligada?! Um contículo de Cao Benassi