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PARECE, MAS NÃO É!

- Olha quem acordou! - O que aconteceu? - Você passou mal e foi internada, mamãe! - Sério? E como foi? Eu apaguei? Por quanto tempo? O que o médico disse? Vou ficar boa logo? Quando em vou embor… - Mas; quem é você? Você não é funcionário do hospital? Você não deveria estar a… - Aê, na moral tia, perdeu mané; perdeu! Isso é assalto, sacô madame?! - Que isso… você não está vendo que isso é aqui é um hospital? Estamos numa UTI: mamãe está mal, acordou agora! - Já falei, aê: bo-ta-pra-dren-to; vê se num treta, pra num fudê co’a porra todaê, valeu?!  - A que ponto chegamos?! - Num fode! Passa tudo logo, tia, na calma! Nóis agora temu precedente, tá ligada?! Um contículo de Cao Benassi

AULA DE ECONOMIA

Já fazia um certo tempo que eu, financeiramente, estava mal das pernas. Tudo que eu fazia parecia dar errado! E mais uma vez, fui pedir dinheiro à mamãe,  que é aposentada com um salário mínimo. Ao pedir, ela me disse: "pela enésima vez, eu vou tentar te ensinar... presta atenção: é isto que você precisa aprender, meu filho... não importa o quanto você ganha, o importante é o quanto você gasta! Tome aqui... vê se aprenda!" Apanhei o dinheiro, olhei mamãe e disse: "devia ter ensinado isto pra Dilma... mas já foi né?! Sem pestanejar, mamãe retrucou: "toma vergonha cabra safado, me respeita... não foi pra me responder que te pari: fi-de-rapariga!" Sem me dar conta do perigo, arrematei: "mas pro Lula, ainda dá tempo!"

JOGATINA

Já fazia um certo tempo que eu estava procurando, nas conversas com minha mãe, uma deixa para contar a ela, que eu sou gay. Num domingo, depois do almoço, estávamos eu, ela e minha madrinha sentados no sofá, assistindo a um filme. Num determinado momento, houve uma cena na qual dois meninos se beijaram. Minha mãe disse algo sobre a cena e eu repliquei: - Se eu fosse um ator e tivesse uma cena assim, eu não teria nenhum problema em beijar um homem! O rosto de mamãe se enrubesceu, as lágrimas lhe saltaram aos olhos! Ela saiu e foi para o quarto dela aos prantos, seguida por madrinha. Passados alguns minutos, fui até o quarto. Ao me ver, ela me indagou: - Então é isso, né?!  Respondi afirmativamente que sim. Minha madrinha, sem saber o que dizer para amenizar o clima daquela situação, enquanto minha mãe chorava, disse que não era nada disso que mamãe estava pensando e que eu estava blefando. Incrédulo, retruquei: - E desde quando a minha vida virou uma partida de pôquer?

CONTEXTO - OPUS VI

ROUBO  Aquela noite estava muito quente, mesmo assim, fui procurar algo para comer. Entrei num bar, pedi um martini e um frango a passarinho. O drink foi entregue, mas a porção, não. Depois de muito esperar, pedi a conta e fui embora. Ao passar pela feira, resolvi comprar um caldo de costela com mandioca e enquanto esperava, vi um político rodeado de seus asseclas, espreitando e abordando suas vítimas, como um abutre sobre a carniça. Eu pedi ao Pai Oxalá para eles que não viessem falar comigo, mas: - Olá! Posso falar com o senhor? - Não! - Por que, o senhor não quer ouvir a nossa proposta: já tem candidato? - Não... é porquê não voto! - Por que, não?! O senhor não acredita na força do voto, na renovação e na representação popular… a mudança é possível por meio da melhor escolha! Temos uma proposta inovadora, quer ouvi-la? - Não! Tudo isso é uma perda de tempo! Ademais, suas mentiras não compram a minha esperança!    Um contículo de Cao Benassi

CONTEXTO (Opus IV)

GESTANDO MUNDOS - Oi querido, está tudo bem? - Na verdade, não está! - É... seu rostinho diz isso! O que está acontecendo? Quer falar... Talvez eu possa fazer algo por você! - Já está fazendo ao se interessar... - Sim, querido... Pode contar comigo sempre! - Gratidão! Eu estou muito cansado! - Compreendo! Muito trabalho, não é mesmo?! - Sim! Além disso, carrego o peso dos muitos mundos que existem dentro de mim, e que por causa da sobrecarga de trabalho, não consigo dá-los à luz!

CRONOGRAMA

CRONOGRAMA DE PUBLICAÇÕES  A partir de 10/2024 Primeira semana do mês:  1) Crônica da minha vida ou crônica do cotidiano 2) Contículo  Segunda semana do mês:  1) Poema  2) Contículo Terceira semana do mês:  1) Cronicazinha  2) Contículo Quarta semana do mês:  1) Texto filosófico da série PESAR 2) Contículo ou poema Publicações eventuais: Contos Crônicas Capítulos ou partes de novelas Capítulos de romance

DOIS CONTÍCULOS

  NADA É PERFEITO O pavão, diziam as demais aves do galinheiro, foi abençoado pela natureza. Alheias ao que se passava com o bonito, lindo, atraente, encantador, formoso, airoso, elegante, donairoso, harmonioso, gracioso, jeitoso, venusto, bem-feito, bem-acabado, bem-proporcionado, catita, caprichado membro galinhado daquele galinheiro. A bico miúdo, corria o diz-que-me-disse que o apolíneo pavinácio, viva-da-beleza e era assim metido, pois contara com a generosidade da mãe natureza, algo que não era uma recíproca para todo o galinhado. Mal sabiam, as aves do galinheiro, que quando estava só, o perfeito pavinácio, ao olhar o próprio pé, chorava! Cao Benassi SABEDORIA (Opus II) Mestre, em sua concepção, existe perfeição na manifestação? Sim e não, já que tudo que faz parte da manifestação, é dual! Mestre, o senhor poderia ser menos sintético? Sim claro. A manifestação se processa a partir da dualidade. Neste sentido, tudo o que é manifestado, o é por apresentar uma dualidade. O man...

SABIDURIA, N. II

A senhora Silva era do tipo mãezona preocupada. Quando o assunto era a família, sempre tinha um chazinho, um casaco, um conselho ou uma reza pra espinhela caída. Em relação ao banho da Josefa, a preguiçosa Zefinha... todo dia era o mesmo griteiro. - Zefinha, vê-si-toma-baindireitu! Lava bein essazureia, minina! Podi gastágua a zói qui naum vai secá u corgu, muleca! Vê-si-mi-lava esse tabacu direitu, hein?!!! Do fundo da rede, o senhor Silva resmunga: -  Tabacu... ah... tabacu!!! - U-qui-foi-omi? - Ess-noiti, sonhei cum sacu di tabacu! - I-u-meu-tava-nu-mei? - Naum, u seu era o sacu! - Seu zói, cafumangu! Apostu qui a tira qui-marrava-boca-du-sacu, era-ess-sua-rola-mucha! Cao Benassi