PESAR, JUNHO DE 2025
PESAR, ANO 2, N. 18, JUN. 2025
No número 17 da série PESAR, nós refletimos sobre o tempo e vimos que desde tempos remotos, o homem tem essa noção de escassez do tempo, noção que vivenciamos em nossos dias. De fato, esse é um dilema da alma humana, que nos acompanha desde tempos imemoriais. Ao longo do tempo, as preocupações em relação a ele mudaram, no entanto, continuamos com a mesma sensação, ou seja, que não temos tempo suficiente para realizar tudo o que é necessário.
Numa primeira análise, parece-nos que nós não dispomos de todo o tempo que precisamos para viver e realizar. Porém, se nós nos detivermos no tema e o analisarmos mais profundamente, vamos chegar a conclusão de que nós não sabemos nada sobre o tempo que temos. Essa é uma afirmação que pode nos trazer um certo desconforto, mas a verdade é que nós somos arrastados pelo tempo sem que desenvolvamos nenhuma consciência sobre ele.
Não é possível para nós desenvolver a consciência sobre o tempo que temos, se nós não pararmos para dimensioná-lo. E o que significaria isso? Bom, trata-se de uma tarefa bastante simples, que só exige disposição, papel e caneta. Tendo isso em mãos, é só tomar nota, de quanto tempo gastamos e com o que gastamos. Eu tenho certeza que se você fizer essa tarefinha simples, você, ao final dela, irá se surpreender com a quantidade de tempo que você desperdiça com coisas que são meras distrações.
A partir do momento que dimensionamos nosso tempo, ou seja, que criamos consciência da forma como empregamos o tempo que temos, nós somos capazes de começar a administrá-lo, ou seja, somente de posse desse conhecimento, nós podemos de fato agir sobre o tempo, que é implacável, que não podemos deter jamais. Neste sentido, um único momento desperdiçado, não pode jamais ser recuperado e na contabilidade da vida, fará, sim, muita falta.
Imagine que você recebeu R$ 27.905,00 para uma reserva. Inconscientemente, você vai perdendo R$ 1,00 por dia. Em quantos anos você perderia todo o capital recebido? Imaginou? Agora, levando em consideração que a média de vida no Brasil é de 76,4 anos, o que daria em torno de 27.905 dias, não há razão para desperdiçarmos um momento sequer de vida com coisas vãs. Considerando que nós não jogamos fora o nosso dinheiro, que é energia como o tempo o é, por que o fazemos com a nossa vida?
O melhor caminho para nós nos conscientizarmos do nosso tempo é saber, em primeiro lugar, como o gastamos. Em segundo, depois de tornar o tempo um dos nossos focos e colocar sobre ele o nosso interesse, é planejar como o gastamos. Quando afirmamos que o tempo precisa ser empregado com sabedoria, não estamos dizendo que não podemos ter momentos de descontração. Ela é importante para nós nos equilibrarmos, porém as distrações precisam ser combatidas. Enquanto as descontrações aliviam o nosso corpo e a nossa mente, as distrações nos tirarão do caminho da realização dos nossos sonhos.
Vamos lembrar o que é foco e interesse? Foco pode significar convergir, colocar ou direcionar a atenção para um objetivo ou interesse. Já o interesse é tudo aquilo que é importante, útil ou vantajoso, moral, social ou materialmente. Pode-se dizer ainda que é um estado de espírito que se tem para com aquilo que se acha digno de atenção. Assim, ter foco no tempo é colocar nossa atenção nele e direcioná-lo para um objetivo, como por exemplo, se tornar um ser humano melhor por meio do exercício de nossa profissão.
A administração do tempo é algo extremamente necessário para o nosso desenvolvimento como um todo, ou seja, em todas as áreas da nossa vida. O tempo gasto com a Internet, por exemplo, pode ser algo totalmente insignificante para o nosso crescimento, se não tiver um direcionamento. Por isso, torná-lo um foco e dar a ele um interesse, pode ser fator de soma, pois assim podemos usá-lo com consciência para crescer profissionalmente, por exemplo, o que pode ser um meio para a realização da natureza humana.
Os filósofos estóicos estavam corretos ao afirmar que devemos usar o nosso tempo com sabedoria. Imagine quanto tempo por dia você gasta vendo vídeos na Internet, sem nem ao menos selecionar o conteúdo deles? Agora, pegue a quantidade de tempo e multiplique por 365 dias. Fez? Agora multiplique pela média de vida do brasileiro. Se você empregar 1 hora por dia, ao longo de um ano você gastaria inutilmente, pelo menos 365 horas da sua vida e ao longo dos 76 anos da média de vida do brasileiro, desperdiçaria 27.740 horas, o que daria um total aproximado de 1.155 dias, mais ou menos 3 anos de vida jogada fora.
E para finalizar esse número da nossa série PESAR, já que falamos de desperdiçar o tempo de nossa vida, temos que falar também das consequências disso. Com toda a certeza, a vida nos cobrará pelas nossas escolhas, quaisquer que sejam elas, pois nada na vida fica impune. Lembremos da Lei Universal da causa e do efeito, que diz que todo efeito tem sua causa e toda causa, o seu efeito. Nesse sentido, que façamos escolhas sábias em relação ao uso do tempo que nos é dado, pois um dia viveremos o nosso último dia e, por certo, não queremos nos envergonhar por tê-lo, simplesmente, jogado fora.
Este texto foi escrito por Cao Benassi
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