PESAR, ANO 1, N. 8, AGO, 2024
PESAR, ANO 1, N. 8, AGO, 2024
Então, já é agosto. E como sempre dizemos: "o ano voou!". Será mesmo que o tempo está passando mais rápido como percebemos ou esta sensação, se dá em virtude da nossa consciência estar focada no que é passageiro, ao invés de estar centrada naquilo que é atemporal?
Há ainda a possibilidade de não estarmos vivendo no presente, ou seja, de vivermos tudo, ou quase tudo, emocional e mentalmente desdobrados, o que nos levaria a esta sensação de que tudo passa rapidamente.
Estamos começando esta nossa reflexão com bastante profundidade. Mas antes de prosseguirmos, vale lembrar que no PESAR anterior, nos comprometemos a falar sobre os "alimentos" tóxicos que damos ao nosso corpo emocional, de forma que a reflexão sobre a nossa percepção temporal, ficará para um próximo número.
Como vocês já sabem, eu, a exemplo dos meus mestres acropolitanos, gosto de expor a etimologia de algumas palavras ou conceitos. Neste sentido, "agosto" é uma palavra com origem latina e vem do termo augustus.
Agosto é o oitavo mês do calendário gregoriano e tem esse nome, por decreto em homenagem ao imperador César Augusto. Segundo nossas consultas, antes da mudança, agosto chamava-se sextilis ou sextil, tendo em vista que era o sexto mês do calendário de Rômulo.
Antes de voltar ao tema da nossa reflexão, vou abrir um pequeno parêntese para dizer que amo o modo como as coisas são nomeadas nas línguas. Como linguista que sou, observo a forma como a língua molda o pensamento. Aliás, afirmou o filósofo Ferdinand de Saussure, que não é o pensamento que cria os signos, mas ele, o pensamento, é criado pelos signos.
Assim, agosto é nomeado em homenagem ao imperador César Augusto, nas línguas latinas. Já na Libras - a Língua Brasileira de Sinais, é (AGOSTO), no qual a configuração da mão é (A) e todo o restante dos parâmetros, sendo estes o ponto de articulação tórax e o movimento circular frontal, vem do sinal (GOSTAR).
Neste sentido, teríamos então o nome do oitavo mês do ano, em nosso calendário, nomeado com o verbo "agostar", conjugado na primeira pessoa do singular, no presente do indicativo, ou seja, eu agosto. Assim, agostar é um verbo regular, intransitivo e pronominal, que significa amadurecer em agosto, murchar por falta de umidade ou ainda estiolar, ou seja, enfraquecer-se, debilitar-se.
Deixando minha divagação linguística de lado, vamos então começar a discutir o nosso tema - resistência - pelo fio que conduzirá o texto deste nosso número.
Nós já abordamos os nossos corpos etéreo-físico e energético. Sabemos que os alimentos que ingerimos, é que dão energia e mantêm esses nossos corpos ativos. Porém se não nos alimentarmos de forma adequada, podemos ter problemas de desnutrição, por exemplo. Em casos severos, a desnutrição desses nossos corpos, pode ocasionar a morte por inanição.
Por outro lado, se nos alimentarmos de qualquer maneira, ingerindo grande quantidade de alimentos e com determinada frequência, podemos criar diversos problemas de saúde que podem, inclusive, nos levar a óbito.
Se observarmos a alimentação dos animais, por exemplo, poderemos perceber que ao defrontar um alimento estragado ou que pode lhe causar danos, eles não o come. Nós porém temos consciência de que açúcares, enlatados e ultraprocessados são danosos à nossa saúde, porém insistimos em seu consumo.
A correspondência é uma das sete Leis Universais. Quando não damos a devida importância aos nossos hábitos alimentares, ignorando o fato de que diversos tipos de alimentos, por mais saborosos e apetitosos que possam parecer ou ser, irão nos causar danos, isso pode corresponder ao mesmo padrão num plano mais sutil.
É isso mesmo. Na maioria das vezes, ignoramos a causa da morbidez que temos em assistir jornais que só noticiam violência, em nos divertir com cenas nas quais pessoas são ridicularizadas ou passam por situações vexatórias, tais como quedas, trolagens, e entre outros, em reclamar, em fofocar, entre outras debilidades que são efeitos da forma tóxica com que alimentamos nosso corpo emocional.
Não temos o hábito de refletir sobre nossas emoções. Como já dissemos no número anterior a este, nem mesmo sabemos se as emoções e sentimentos que sentimos, são nossos ou são do meio.
Ao ignorar a origem das nossas emoções e sentimentos, nos tornamos suscetíveis a não perceber a toxicidade existente nas coisas que citamos anteriormente. Convido você, caro leitor, a fazer uma breve reflexão sobre o porquê somos levados a rir, o porquê nos divertimos, o porquê procuramos e damos audiência a programas, filmes, novelas, jornais e a memes nos quais o sofrimento alheio é exposto.
Normalmente, quando acontece um acidente numa via qualquer da cidade, forma-se uma lentidão pela obstrução parcial da via. Talvez, a lentidão, quase sempre, se torna maior, em virtude dos demais participantes do tráfego, diminuírem propositalmente a velocidade para ver do que se trata.
Na era da imbecilidade, me perdoem a dureza do termo, um acidente chama mais atenção, pelo fato de proporcionar o vídeo inédito, os "likes" tão desejados, a projeção a qualquer custo, o furo de "reportagem", enfim, chama mais atenção isso, do que o fato de existirem vítimas que necessitem de auxílio.
Você conseguiria me explicar o porquê?
Essa morbidez em procurar esse tipo de alimento emocional tóxico, surge para corresponder a fome de emoções e sentimentos de baixa vibração interna que temos, e nem sequer damos conta, por causa da resistência que temos em refletir sobre o que sentimos e sobre nós mesmos.
As situações da vida que nos levam à negatividade e ao baixo padrão vibracional, são tão diversas, como são diversos os efeitos que nos causam internamente.
Você já prestou atenção na dificuldade que temos de nos afastar de situações, nas quais a vida de outrem e suas mazelas ou benesses são expostas, as famigeradas fofocas, quer seja pela morbidez da satisfação com o sofrimento ou da inveja do sucesso alheios?
Também não somos nada hábeis para saber discernir um desabafo de uma reclamação e quando alguém reclama, por sermos ensinados que dizer "não" é falta de educação, vamos alimentando a fome emocional negativa do outro, e com isso, também vamos nos banhando nas más-ágoas que nosso reclamante joga sobre nós.
Como não temos muita estatura moral, em quaisquer uma das situações negativas da vida, como as que acabamos de citar, por exemplo, vamos deixando nosso emocional absorver o padrão vibratório negativo, e é óbvio que algo em nosso aura, em nosso microcosmo, irá corresponder a isso, pois, como já dissemos, em tudo há vibração e correspondência.
O nosso corpo mental é muito forte e é claro que nossos pensamentos e desejos, são igualmente fortes. No entanto, parece-me que nossas emoções e sentimentos ainda os dominam, como nos dominam como um todo.
Se pararmos para refletir o quanto é forte o nosso corpo emocional, vamos nos surpreender com o tamanho de sua força. É impressionante como o gosto mobiliza a vida e o vivente.
Tudo, absolutamente tudo em nossa vida, é simplesmente ditado pelo nosso gosto. Vivemos assim. Nossas decisões estão quase sempre fundamentadas no gosto: "faço isso porquê gosto", "não irei, porquê não gosto" e isso vai modelando a nossa existência.
É uma bobagem tremenda, pensar que o gosto determina apenas a nossa vida individual. A vida coletiva também se move pelo gosto.
É muito mais comum do que pensamos! Não é difícil testemunhar o surgimento de determinadas personalidades que num dia são amadas por multidões e no outro, estão totalmente esquecidas. Da glória ao ostracismo, se tornam ilustres desconhecidas.
Na política então, todos os dias personalidades são amadas por milhões, enquanto outras são odiadas com a mesma força. E isso, na maioria das vezes, é resultado da sombra que o amo projeta na parede da caverna, para lembrar Platão.
Assim, o gostar vai determinando como o social se move na vida. Infelizmente, esse movimento é muito mais baseado no "deixa a vida me levar", do que no aspecto consciente de para onde eu quero que a vida me leve.
Isso me faz lembrar da conversa da Alice e do gato no País das Maravilhas - estou falando do filme, é claro - na qual ela pergunta se um dado caminho é o correto e o gato lhe pergunta para onde ela quer ir. Ela, por sua vez, responde que não sabe e o gato lhe diz que para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho é o correto.
Neste sentido, é preferível ter um lugar para onde ir, saber onde se quer chegar, do que simplesmente, deixar a vida nos levar, afinal de contas, poderemos não gostar do lugar onde a vida nos colocar e, não gostando, não teremos o porquê reclamar.
As nossas formas emocionais, sempre serão correspondidas interna e externamente. Seria muito bom se nos conscientizássemos disso.
Emoções e sentimentos negativos, internamente, corresponderão a formas mentais, ou seja, pensamentos e desejos negativos ensejarão ações igualmente negativas. Não pense que você ficará impune por alimentar negativamente seus corpos. Ainda que você esteja controlando as situações, num momento de mínimo descuido, essas formas virão à tona e se tornarão fatos.
Externamente, as formas emocionais negativas, não só tenderão a se tornar fatos reais, a encarnar à vida, como também, elas procurarão outras formas igualmente negativas para a elas se associarem, tornando sua aura ainda mais densa e pesada.
Para não corrermos esse risco e evitarmos ser joguetes nas circunstâncias da vida, devemos lançar a luz da consciência sobre todos os porões, becos e recônditos do nosso corpo emocional.
Refletir e questionar é o caminho. Se temos o cuidado com os alimentos que ingerimos, se não damos aos nossos corpos energético e etéreo-físico comida estragada, o que lhes causariam danos, por que alimentamos nosso emocional com toda a sorte de emoções negativas?
Devemos sempre evitar ouvir e ver coisas que tenham um fundo violento ou vulgar, assim, evitaremos que a má resistência nos tome, pois ela é péssima conselheira, sempre nos conduzirá ao caminho que manterá em nós, as debilidades que insistimos em combater sem que as conheçamos.
A nossa mente, por meio da má resistência, nos fará ignorar por completo o estado das coisas do nosso emocional. Além disso, ainda poderá nos conduzir para o caminho do vitimismo, que não nos é fator de soma.
Afirma a professora e filósofa brasileira Lúcia Helena Galvão, que "a inação no plano emocional, nos leva ao vitimismo".
Para encerrar, convém ressaltar que devemos agir sempre contrapondo à mente com uma boa resistência.
Ao invés de alimentar debilidades nossas e de outrem, cortar imediatamente a corrente, não dar ouvidos e olhos a quaisquer coisas que não sejam de caráter elevado, assim, não permitiremos que a toxicidade emocional alimente e mantenha em nós, ciclos de negatividade.
Este texto foi composto por Cao Benassi.
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