PARA QUE SERVEM OS RETRATOS N. 2
Então, Deus, aqui estou eu: novamente! Que coisa estranha isto aqui dentro de mim! Eu já deveria estar acostumado... afinal, Deus, já perdi as contas de quantas vezes me senti assim! Coisa estranha! Difícil acordar no meio da noite, com algo fixo no pensamento, que deveria ter ficado lá... do outro lado, do lado prático da vida... aquele necessário para que a gente simplesmente viva! Aqui, do lado, no qual eu posso ser Eu mesmo, sem medo de expressar isto ou aquilo errado, entre uma e outra flor (colhidas das minhas dores), um outro pensamento fixo não me deixa as meninas repousarem: afinal de contas, para que servem os retratos? Para fixar também? Diferente do meu pensamento que aprisiona dentro de mim as minhas palavras, gerando um torvelinho de sentidos confusos, que insisto em não deixar vir à luz, tal como uma grávida que impede o filho de nascer... e vou me asfixiando num eterno devir de mim, tudo nos retratos está inerte! Ao menos, os retratos fixam algo do tempo, um tempo objet...