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Mostrando postagens de agosto, 2025

CASINHA DE PAPEIZINHOS; TETO DE PAPELÃO

  Um conto de Cao Benassi Na Banânia, era comum que as reuniões e demais convescotes do Palácio da Justiça e outras “casas do povo”, fossem regadas a vinhos, queijos e lagostas importados, que somados aos altos salários e penduricalhos, de toda a sorte, da politicama e dos juízes e seus asseclas, fazerem com que, pelas ruas irregulares e esburacadas das cidades bananienses, o povelo vivesse se abaixando, arrastando seus passos pelo peso “imposto” do sofrer.   Descia o trabalhador deixando acima a mulher grávida; abaixo ficava a cidade, e o pobre como qualquer outro desvalido da Banânia, se perdia em seu emaranhado de ruas que para os moradores da casinha de papeizinhos de teto de papelão, o hoje fosse o mesmo que o ontem, vivendo uma vida num mundo sem amanhã.  A chuva caía impiedosa sobre a imponente capital da Banânia. Dada a dita e dura da toga, impetrada pelo seu mais infame representante, o Juizinho Mandão, o paraíso na terra, belo por natureza, abençoado pelos ...

TRINTA DIAS DE TODAS AS MANHÃS DO MUNDO

  Para Gabriel Uma crônica de Cao Benassi  Em relação ao tempo, a nossa percepção sempre nos faz pensar que ele, o tempo, passa rápido demais. Essa percepção é bastante distorcida e não é sentida apenas por nós, pois na verdade, o tempo hoje passa da mesma forma como passava em tempos imemoriais. Em seu tempo, o filósofo romano Marco Aurélio documentou que seus contemporâneos reclamavam de não terem tempo. Isso posto, ressalto que faz um mês, trinta dias de tempo passado, cuja medida parece ter perdido o sentido para nós. Eu me pego olhando para você, aqui, do meu lado na nossa cama, vendo o seu rosto que é o sol da minha manhã, e tenho a sensação de que todas as manhãs do mundo se concentraram nesse nosso primeiro mês. Coloco-me aos seus pés e depois em suas mãos e você me abraça. Sinto a minha alma se iluminar. É como se os meus olhos soubessem, mesmo antes de mim, que eu já te esperava. Como mágica, sinto que nesses trinta primeiros dias, nós vivemos todas as manhãs do noss...

O AMOR MEU CÁRCERE

  Um conto de Cao Benassi O ar gelado daquela manhã outonal não era frio o bastante para diminuir o calor do amor de Sofia e Lucas, que parecia ser imenso. Ele apaixonado e dedicado namorado, não se conteve ao vê-la adentrar à pequena igreja vestida de branco, guiada pelo irmão mais velho, como o mais belo e puro anjo de todo o céu. As promessas sussurradas no altar, de amor eterno e incondicional, por algum tempo, ecoavam em seu coração. Apesar da vida simples, eles construíram um lar cheio de momentos que viraram memórias. A vida e o seu lado prático faziam com que Lucas, um representante comercial, saísse diariamente para o árduo trabalho, levando consigo o beijo de Sofia como sua maior motivação para voltar para casa. Os anos passaram. A vida de Lucas, antes preenchida pela necessidade da partida para o trabalho, pelo amor que continha o beijo e o abraço de Sofia que o fazia retornar saudoso,  aos poucos se transformou numa enfadonha rotina entre a casa e a amada, as estra...

PESAR, N. 20, AGO. 2025

  PESAR, ANO 2, N. 20, AGO. 2025 Nos números anteriores da nossa série de textos filosóficos PESAR, discorremos sobre o tempo e como o ser humano, desde muito tempo, o desperdiça por falta de consciência e de autoconhecimento. Especificamente, no número 19, referente ao mês de junho, refletimos como a Internet e as redes sociais, de ferramentas que formam e informam, podem se tornar distrações que além de roubar nosso tempo, pode destruir nossa vida, seja por arrastar nossa consciência para baixo, seja por se tornar um vício de difícil percepção e combate.    No presente número, a nossa reflexão será voltada para uma debilidade muito conhecida por todos nós, quer por sermos alvos dela, quer pela prática, embora quem a pratica dificilmente a assume. Trata-se da fofoca, que em sua essência, brota de uma mente ociosa e, consequentemente, de uma curiosidade distorcida pelo banal. Ela se alimenta do vazio deixado pela falta de um propósito de vida mais elevado, preenchend...