PÉ-DE-MEIA: A FURADA DAS LICENCIATURAS

FEVEREIRO DE 2025

Novamente, com um certo atraso, inicio estas parcas linhas para não quebrar a corrente de produção de crônicas, que sempre remetem ao meu cotidiano ou ao meu passado. Cá para nós, elas são do tipo mensalão: compostas uma vez por mês, desde meados do ano passado, entenda-se 2024. 

Eu juro que estou tentando continuar a produção do número 2 da crônica da dor, mas como deixar essas verves vir às veias, se o que me sobe ao coração é somente o asco que tenho ao chorume que verte do planalto central tupiniquense? 

Quem me conhece mais de perto diria: "filósofo: se contenha! Lembre-se que para alcançardes a iluminação, não podes deixar que elementos externos te abalem! Para alcançardes a sabedoria, precisas superar o seu ranço à politicalha tupiniquense!”

Muita calma nesta hora, pequeno gafanhoto: eu sou apenas um buscador da verdade! Apenas almejo a sabedoria e a julgar, pelo andar da carruagem, e pelo fato de isso hoje ser item raro no mercado, vai demorar alguns tempos primaveris para chegar!

Estava eu aqui sendo só um professor, um mero professor de um curso de licenciatura, de uma universidade do centro do país, mais precisamente, num buraco depressivo chamado de pantanal, quando de repente ouvi um burburinho muito silencioso, quase ensurdecedor, de um tal “Pé-de-meia das licenciaturas”.  Eu nem sabia dessa furada governamental! 

Você já deve ter se armado contra mim e arrepiado até os pelos do… não vem ao caso, porém como eu já disse: muita calma nesta hora! Não sou nem gado, nem burrama: estou muito acima disto. Ao vencer esta bobagem dual de esquerda versus direita, consegui entender que em substância elas se distinguem, mas em forma: são idênticas. 

Ah… Pára! É sério que vou ter que explicar isto? Vamos lá então!  

Existe uma Lei Universal que diz que tudo tem dois pólos: o famoso assim no céu como na terra, como é dentro, é fora; como é em cima, é embaixo e blá, blá blá! Isto implica na polaridade politiqueira (que até é compreensível), e também, nas briguinhas de quinta série dos tupiniquenses por causa da politicalha! 

Ainda, considera-se que pela ação dessa lei, todo paradoxo se reconcilia… Então: de um lado está o gado e sua ideologia e de outro, a burrama também ocupada com a sua ideologia, certo?!

Ideologicamente, ou seja, na substância que anima o gado e a burrama, elas são diferentes, mas na forma, elas são e sempre serão idênticas, ou seja, são e serão sempre rebanhos, massas de manobras subservientes aos ditames do sistema. 

Voltando às vacas magras, o tal “Pé-de-meia das licenciaturas” consiste num programa do desgoverno federal, que não consegue unificar nem a si mesmo, tampouco os seus camaradas. 

O tal “Pé-de-meia” tenta fomentar a escolha dos jovens e outros que buscam uma formação superior, por uma carreira na área da docência, que está cambaleante, oferecendo ao futuro estudante, um total de 1.050,00 esbanjas por mês. 

Qualifiquei isso como uma furada, no título deste rascunho croniquento, pois o problema da falta de interesse pela docência, não tem a ver com a falta de recursos para se acessar o ensino superior ou para se manter nele. Pode até ser em certa medida e em determinados contextos… 

Porém, o que esses politiqueiros, cérebros de minhoca esmagada na areia em dia de sol quente, não conta para ninguém, é o que nós sabemos de cor-e-salteado: ninguém mais quer ser professor pelas condições de trabalho na docência que estão cada dia mais difíceis e pelo fato da nossa profissão estar a cada momento mais precária!

É escolas caindo aos pedaços; é salas superlotadas e sem equipamentos; são as didáticas e as metodologias que faliram; é a violência escolar assustadoramente presente no cotidiano do professor; é o adoecimento pelo trabalho excessivo (não temos sábados, domingos e nem feriados); é a cobrança de produtividade excessiva que nos exaure e o salário… 

Bem, melhor nem falar nisso, se não, vocês queridos leitores, mesmo aqueles que estão atolados até os córneos nas trincheiras politiqueiras ideológicas, irão chorar… e eu não estou superlativando minha linguagem. 

Meu querido amiguinho: você acha mesmo que hoje, com a facilidade que se tem para fazer um curso superior e acessar ao mercado de trabalho do alto de um diplometo que outorga direitos ao exercício de uma profissão, alguém vai mesmo fazer uma licenciatura e se enfiar numa sala de aula infernal para garantir algo em torno de 3.000,00 esbanjas por mês ou talvez um pouco mais e uma depressão, uma síndrome do pânico ou “um sei lá o quê”? 

Hoje, só faz uma licenciatura, só se mete com o ensino (esse cadáver há muito deambulante), só se mete com a docência, com ser professor, quem não tem outra opção! 

Não precisa pagar, não! Claro que não! Faltarão profissionais da docência no mercado de trabalho, não por falta de incentivo: mas pela precariedade do ser professor!

E o que pode acontecer, então? Bom, daqui a alguns anos, teremos uma enchente de gente enfiada numa sala de aula, só para garantir as esbanjas para pagar o curso que sempre quis fazer, ou então, um monte de professores frustrados, infelizes e entupidos de vyvanse para suportar a realidade infernal da sala de aula. 

O tal programa do desgoverno federal será o voo da barata tonta ou no máximo, será o voo da galinha: não irá muito longe! Disso eu tenho certeza: para tornar a profissão “professor” atrativa, é necessário investir em infraestrutura escolar e na carreira docente!

No fundo, este Pé-de-meia furado (furo pelo qual escoará as nossas suadinhas esbanjas), tem jeito, tem cheiro e tem sabor de um prato que nós, pagadores de impostos, conhecemos bem e não apreciamos, porém nos é enfiado goela abaixo, chamado “corrupção à moda tupiniquense”.  

O que passar disso, é lorota de bêbado para tentar engabelar o dono do boteco!   

Uma crônica de Cao Benassi 

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