A ARDILOSA RELAÇÃO ENTRE GOLPISTAS E REDES SOCIAIS
FIQUE EXPERTO E PEGA VISAUM
Imagino que quem está lendo minhas crônicas e acompanhando minhas divagações, esperava que eu fosse continuar as minhas lorotas sobre o meu estado de saúde em “Dor come: uma crônica da dor”. E sim, era essa a minha intenção.
No entanto, alguns acontecimentos da vida cotidiana, me fizeram adiar esse dizer, para um outro dizer, que em sua arquitetônica, traz um aviso que quer dizer: cuidado!
A arte imita a vida, sim e como! Posso dizer isso com muita certeza, afinal de contas, eu sou prova viva. Não tenho a pretensão de me arrogar o título de artista, pois sempre me considerei um artesão, em relação à música e à literatura.
Quando foi lançado o Orkut, em 2004, ele foi uma novidade para todos os usuários do Messenger, sendo este, muito inovador na sua época. Como era esperado, o Orkut enterrou o Messenger, e de igual sorte, o cambaleante Facebook sepultou o Orkut.
Salvo engano, só entrei no Orkut por causa da influência de amigas do cursinho pré-vestibular que fiz no Colégio Isaac Newton (CIN), em 2006.
Na época, eu era muito mais suscetível a influências externas, pois não tinha um propósito de vida, confesso.
Os golpes via Internet não são recentes. Mas se eu me lembro bem, nessa época, eles não eram tão sofisticados como atualmente.
Você, caro leitor, deve estar estranhando o tom desta minha conversa: e não é para menos. Do nada eu surjo com uma crônica falando de redes sociais, de mortes destas redes e de golpes… estranhos mesmo.
Porém se formos analisar mais profundamente a conjuntura que vivemos e o lamaçal moral que a Tupiniquilânida está metida até os cornos, isso não é lá tão estranho assim… eu diria que já soa com harmônicos de normalidade: não devia, mas soa!
É tanta coisa fora da casinha, tanto cachorro sendo mijado pelo poste, tanto bandido legislando e ganhando para isso, que um golpezinho dado por aí… já está ficando normal.
Eu, apesar de ser só um professor - neste país que de seriedade não tem nada, lindo por natureza, cagado até as entranhas por gente do tipo de Lula, de Bolsonaro e do grupo dos 11 -, sou um comprador recorrente (de livros, principalmente, e de quinquilharias bestas), e já cai em alguns golpes na Internet.
Comprei um short de linho (lindo) de uma loja chamada Taberna (cuja compra anterior tinha sido entregue), que nunca recebi, pois a loja fechou sem ressarcir os clientes prejudicados.
Comprei um conjunto de jantar (mesa com cadeiras), de uma loja virtual fake, cuja loja física existe no Estado de São Paulo, só por isso comprei: 900 paus jogados fora, fiquei no prejuízo!
Enfim, fico me perguntando: num país que o (des)governo sabe onde enfiamos cada centavo do nosso dinheiro, por que não tem a mesma eficiência para rastrear o dinheiro público, por que não impede políticos de deitarem e rolarem às nossas custas, juízes e ministros de ignorarem a lei, e o tupiniquilandês médio de constituir empresas para cometer crimes?
Porém, caro amiguinho, isso não é tudo! Trabalhamos mais de 150 dias do nosso ano para bancar o (des)governo, e não temos um sistema de segurança que nos dê segurança, de saúde que nos dê assistência de saúde, de educação que nos eduque… enfim, para nós, só trabalho, só impostos e um ferro enorme para os nossos fundilhos.
Pois bem, se prepare para o pior. Eu disse anteriormente, que a arte imita a vida.
Este ano (2024), depois de uma pane no meu notebook, que me custou a perda de uma coletânea de poemas pronta para a publicação e de outros textos muito bons, decidi retomar a escrita literária.
Dentre os projetos, está o de uma novela, que foi iniciada como um conto, chamada "Temporada de caça", que discute a violência verbal, a física e a solidão no pós-sexo mediado pelas redes sociais, especialmente nos APPs voltados para o público gay.
Na trama, a personagem principal, após trocar mensagens com um perfil de um "novinho", um menor, recebe uma ligação de um suposto delegado de polícia, de uma suposta delegacia de proteção da criança e do adolescente, tudo articulado pelo golpista.
Na história, a personagem percebe o golpe ao analisar o discurso do salafrário. É claro que eu fiz um laboratório que envolveu pesquisas na Internet, que me levaram a encontrar uma porção significativa de relatos de casos reais, nos quais homens foram enredados nas artimanhas dos meliantes, e para preservarem o seu sigilo, acabaram tendo que desembolsar grandes quantias de dinheiros.
Os golpistas são tão ardilosos, segundo os relatos que encontrei na Internet, que além de se passarem por delegados e autoridades reais, criam delegacias virtuais para impressionar suas vítimas e assim, forçá-las a ceder à extorsão.
O laboratório me levou, ainda, a conhecer um caso interessante. Uma mulher desconfiou do namorado, criou um perfil num APP de chat gay e acabou descobrindo que o namorado tinha um perfil: não só descobriu, como marcou um encontro com ele.
Voltando às vacas magras, recentemente fui abordado por um menor no Instagram. Sim, isso mesmo. Pela conversa, percebi que a escrita não correspondia a linguagem utilizada por adolescentes. Interrompi os diálogos e o bloqueei o perfil.
Dias depois, para minha surpresa e para comprovar o dito popular de que a arte imita a vida, recebi uma ligação de um suposto delegado de polícia do Estado do Paraná, dizendo que tinha uma denúncia contra mim, que estava com a mãe do adolescente e que iria intermediar uma negociação para a retirada da queixa: isso já me indicou que se tratava de um golpe.
Numa segunda ligação, o suposto delegado disse que a mãe queria a quantia de R$ 15.000,00 para retirar a queixa. Para ver onde isso ia dar, disse a ele que não tinha condições de pagar. Na terceira ligação, o suposto delegado disse que havia conseguido uma redução para R$ 4.500,00.
Decidi cortar o diálogo dizendo que não faz parte das atribuições de um delegado de polícia, tal negociação. O meliante se irritou e me ameaçou de prisão em 24 horas, algo que jamais iria acontecer.
Pois bem, alguns dias atrás (ainda na semana que escrevi e publiquei este texto), pouco tempo depois de ter aderido ao Threads, para tentar impulsionar meu blog e meu canal no Spotify, fui novamente abordado por um perfil de "novinho", entenda-se menor.
Sou linguista, pesquisador de práticas textuais discursivas, tio e primo de adolescentes, não vou comprar chinica de galinha por pipoca caramelada, logo, não foi difícil perceber que tal abordagem vinha de um vagabundo, escroto e golpista.
Eu respondi às investidas do tal "Edu", sempre monossilabicamente, de forma que não me comprometesse, mas antes tivesse o bloqueado, tão logo o diálogo foi iniciado.
Um dia após a conversa, recebi uma ligação de um filho-de-uma-ronca-e-fuça, se dizendo delegado de polícia, com um discurso muito bem ensaiado, que faria qualquer um sentir medo, mas não eu que não sou qualquer um, como diz minha santa mãezinha.
Fui pegando as pontas sem nó, daquele fio, muito mal fiado.
Para começar, o suposto delegado, se desculpou e disse que a ligação não tinha nada a ver com minha orientação sexual (seja lá o que isso queira dizer) e blá, blá, blá: nada a ver, pois para mim, isso jamais se passaria por algo real.
Após recitar leis e seus artigos e me dizer que estava com o pai do menor, que não sabia sobre as "escolhas sexuais do filho", o questionei sobre localizações, contradição em relação ao nome de APP e por que raios um pai viajaria mais de 1.000 km para fazer uma denúncia, o tal delegado desceu das tamancas e jurou a mãe mortinha, que em 24 horas eu estaria detrás das grades.
Triste não, amiguinho! O pior de tudo, é que o pestilento-filho-da-égua, tinha o meu nome completo (algo estranho, pois nas minhas redes, sempre coloco meu nome artístico), e até falou em meus "bons antecedentes criminais"… para um desavisado, este seria o momento exato para sentir uma friagem na espinha e trancar o cessu com força…
Bom, para resumo da ópera, deixo o meu conselho: fique atento!
Em APPs de chat ou em redes sociais como o Instagram e outros, ao comprar pela Internet, prefira lojas conhecidas ou plataformas como o ML e a Amazon.
Ao ser abordado por perfis se dizendo novinhos ou menores, diga não e imediatamente denuncie o perfil para a plataforma e após, bloqueie o perfil.
Se você, caro leitor, receber ligação ou contato via WhatsApp com prints de conversas, redobre sua atenção: eles manipulam esses prints e inserem dados neles, tais como conversas e imagens que originalmente não existiam, para forçar a vítima a ceder à extorsão.
Caso receba qualquer tipo de contato de suposto delegado de polícia, o salafrário primeiramente fará uma acusação. Depois irá te dizer que está com o pai ou a mãe do menor e fará uma cena, a lá dramalhão mexicano, para impressionar é claro, e na sequência dirá que intermediará a negociação com os pais da vítima, para que a denúncia seja retirada.
Como diz o cuiabano: fica experto e pegue a visaum! Não existe menor nenhum e os pais só existem na cabeça doente do vagabundo-filho-de-uma-canídea.
Caso você não consiga pegar a cavalgadura criminosa pelo discurso, faça o seguinte: peça para ele abrir a câmera e mostrar a suposta delegacia: toda delegacia virtual tem uma física! Assim, você desmontará a farsa e pegará o farsante.
Por último, tome mais cuidado ainda com um golpe antigo, porém eficaz que está rolando na praça nos últimos meses. No próximo domingo, seu voto poderá eleger uma ralé, uma corja rapineira de golpistas que trocam mentiras por esperança!
Esperar, confiar e votar: eis aí o porquê você cai no mesmo golpe de dois em dois anos.
Uma crônica de Cao Benassi
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