PESAR, ANO 1, N. 09, SET. 2024


PESAR, ANO 1, N. 09, SET., 2024


Setembro é o nono mês do ano, no calendário gregoriano. A palavra setembro vem de "septem", do latim que significa sete. 

Agora você querido leitor deve estar se perguntando: "como assim sete… se setembro é o nono mês do ano?" 

Calma que eu explico. No antigo calendário romano, o ano tinha 10 meses, começava em março e ia até dezembro, sendo que os meses de setembro à dezembro, seguiam a lógica numeral. Assim, setembro ocupava a sétima posição, sendo, portanto, o sétimo mês do ano, por isso, "septem". 

Esse antigo calendário foi alterado por Numa Pompílio e mais tarde, também foi alterado por Júlio César, sendo que o nome foi mantido. Porém as alterações fizeram com que o mês passasse para a nona posição. 

Agora que já sabemos de onde veio o nome setembro, podemos voltar ao nosso assunto "emoções e resistência".

Já que vamos falar de emoções e como já falamos anteriormente, que as emoções nos dominam, vou pedir que você querido leitor, dê uma pausa na leitura e faça o seguinte exercício:

Imagine uma carroça. Nela o cocheiro que está confuso e não sabe para onde ir, deixa que os cavalos puxem a carroça e a conduzam automaticamente para onde quiserem, sem qualquer direção, enquanto o passageiro dorme.

Fez? Ok, muito obrigado! Agora que você já voltou desse exercício, eu vou pedir que você faça outro: agora um pouco mais profundo, para que entendamos melhor o porquê, eu afirmei em números anteriores, que somos dominados pelas emoções.

Pois bem, substitua a carroça pelo seu corpo; troque os cavalos pelas emoções; retire o cocheiro e coloque em seu lugar a mente e, por último, substitua o passageiro pela alma. 

Assim teremos o seguinte: quando a mente está confusa e não sabe para onde ir, o corpo é conduzido pelas emoções que o puxam e o conduzem automaticamente para onde elas quiserem, sem uma direção, enquanto a alma dorme.

É exatamente isso que acontece quando não conhecemos e não dominamos nossas emoções. Simplesmente, a nossa mente passa a ser guiada e conduzida por elas. 

Um exemplo, bastante simples e corriqueiro, pode ser dado com o ato de bater o dedinho no pé da mesa ou no canto da porta. Imediatamente, os nossos corpos emocional e mental são acionados, pois é por meio deles que sentimos a dor e a processamos. 

Imediatamente, a nossa consciência é deslocada para o nosso corpo físico. Como já sentimos a dor, embora o processamento de sua percepção envolva o corpo mental, o emocional acaba por arrastá-lo juntamente com a consciência para o corpo físico, que sem um ponto elevado como suporte, acaba sendo dominado pelas emoções. 

O corpo mental sempre mobilizará uma emoção. O emocional por sua vez, ao descer e atravessar o corpo astral, mobilizará energias, que no corpo físico se tornarão ação/reação. 

Essas ações/reações ao ato de bater o dedinho no pé da mesa ou no canto da porta, podem ser as mais variadas possíveis, no entanto, dificilmente elas serão elevadas, por causa do domínio das emoções. 

Normalmente, a ação/reação pode resultar num xingamento, o que trará para a consciência, um sentimento negativo em relação ao obstáculo, e não um despertar da consciência sobre ele, sobre sua existência e sobre as limitações de espaço que ele, certamente, nos impõe. 

A resistência atuará para que o que fique desse ato em nossa consciência, seja exatamente a dor trazida e nunca o aprendizado, pois se essa dor não for processada pelo "passageiro" (a alma), que quase sempre está dormindo, será guiada pelos cavalos, pelas emoções.

Nesse sentido, não haverá despertar de consciência elevada, somente da consciência que foi arrastada para baixo para o físico, o que não resultará em aprendizagem, em crescimento. 

Você querido leitor deve estar se perguntando agora: "mas o que se deve fazer para que a consciência não seja simplesmente arrastada para baixo e dominada com nossos outros corpos? Como aprender?"

Tentarei responder, caso minha estatura espiritual permita. 

Pois bem, como já disse, se deixarmos, nossas emoções arrastarão nosso mental com nossa consciência para baixo e a toda velocidade. 

Cabe aqui ressaltar, que de uma forma ou de outra, a nossa consciência irá se mover para o local da dor.

Diz a filosofia que a dor é veículo da consciência. No corpo físico, sempre nos despertará para alguma necessidade de atenção, de tratamento.

Imagine o que seria uma cárie sem a dor no dente… quando fosse descoberta, o dente estaria perdido. Por isso, doenças silenciosas ou a resistência em procurar um médico, são tão perigosas. 

Uma dor no plano emocional ou no mental, pode carregar a necessidade de iluminar, ou melhor dizendo, de compreender essa dor, não só o efeito, mas a causa da dor. Em muitos casos, um tratamento especializado é necessário.

A dor de uma separação pode nos indicar a necessidade de compreensão dos inícios e finais dos ciclos, além de sinalizar a necessidade de nos libertar do apego. A dor de uma culpa pode querer nos mostrar a necessidade da compreensão e do perdão.

Assim, é necessário sempre refletirmos sobre nossas emoções, sentimentos, pensamentos e emoções, para conhecê-los. Segundo a filosofia, a psicologia prática pode ser definida por "conhecer-se para dominar-se" e isso implica autorreflexão.

A filosofia nos ensina ainda que dor e sofrimento são coisas distintas. Como já disse anteriormente, dor é veículo de consciência, implica sempre aspectos nossos, ainda desconhecidos ou latentes. Já o sofrimento é o resultado de uma dor não compreendida. 

Neste sentido, o ato de bater o dedinho no pé da mesa, inevitavelmente fará com que a gente sinta dor, isso não está no nosso controle, porém a forma como vamos reagir a isso, está. E é exatamente no agir/reagir, que podemos ou não compreender essa dor e aprender com ela. 

Se deixarmos as emoções guiar nossa mente, o corpo físico juntamente com o energético reagirão e agirão ao fato. O emocional sentirá, o mental perceberá e processará por meio da consciência, a dor. 

Os nossos corpos energético e físico atuarão juntos na ação/reação: um choro, um grito, um palavrão, e assim por diante. Lembremos que a resistência atuará fortemente no nosso mental, para que ele justifique o choro, o grito ou o palavrão. 

No entanto, se ao invés de chorarmos, gritarmos ou xingarmos, nós pararmos para refletir, poderemos chegar a conclusão de que o responsável pela topada, somos nós mesmos com a nossa falta de consciência sobre os espaços que temos em nossa casa, que não conhecemos, logo, não dominamos.

Assim, poderemos aprender que necessitamos nos mover por nossa casa de forma mais consciente sobre o espaço livre que dispomos para isso.

É importante lembrar que todo e qualquer aprendizado, só é efetivado, quando comparamos dor versus aprendizado. Se isso não acontecer, se não pesarmos o quanto de dor sentimos e o quanto aprendemos com essa dor, a contabilidade da vida não fecha, logo, ficaremos em dívida com céus e terra.

Não nos esqueçamos, que a inação no plano emocional pode nos levar ao vitimismo, o que é pior do que agir/reagir somente chorando, gritando ou xingando. 

Se junto vier um sentimento personalíssimo de que isso só acontece conosco ou porque somos nós, meu conselho é para a gente não se sinta premiado na loteria do sofrimento realizada pelo universo, pois as experiências de dor, nós as buscamos na vida, ainda que inconsciente, para o nosso próprio crescimento. 

É importante ressaltar que podemos levar o princípio desse nosso exemplo, para tudo em nossa vida. Para uma dieta, por exemplo. Já utilizamos ela como base de nossas reflexões aqui. 

Se fizermos uma dieta com base apenas nos nossos gostos (algo que está presente no nosso emocional), se deixarmos ele nos dominar, nossa dieta pode culminar num rotundo fracasso, quando não resistirmos sentir o cheiro daquele prato apetitoso que gostamos tanto.

Um relacionamento guiado apenas pelas emoções, pode ser, também, um fracasso. Basear um namoro nas emoções ou nos sentimentos em comum, o gosto, por exemplo, pode ser algo perigoso, pois ao longo do tempo, aquilo que nos emocionava num determinado momento, pode não causar o mesmo efeito no outro. 

Aquilo que a gente gostava quando era jovem, pode não ser alvo mais do nosso gosto na velhice. 

Se você iniciou um relacionamento por gostos em comum, anote isso: não demorará muito para que os gostos mudem e na relação, um comece achar o outro um chato demais. 

Para finalizar, vale ressaltar que quanto mais nós nos conhecemos, mais livres do domínio das emoções nos tornamos. Quanto mais alto nós nos posicionarmos em relação à nossa consciência, mais duradouros serão nossos empreendimentos. 


Um texto de Cao Benassi








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