SINOP, CONAELL, ORIENTAÇÃO E A MORDIDA DA CADELA
Uma crônica de Cao Benassi
Mesmo sendo um professor doutor, pesquisador e orientador no Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagem (PPGEL-UFMT), minha última viagem para participar de um evento acadêmico, foi em 2017, quando fui diagnosticado com artrite reumatóide.
Mas não foi só dos eventos acadêmicos que sumi: desapareci por um tempo das redes sociais também. Faz pouco tempo que retomei as atividades nelas.
Por falar em participar de eventos acadêmicos, um certo colega (que implica comigo) chegou a alfinetar minhas orientandas num evento, lhes perguntando onde eu estava que não presenciei suas apresentações.
Deu vontade de, quando soube, colocar o dedo na cara dele e dizer: não participei porquê as atividades na Chefia do Departamento de Letras não me permitiram, pois tive que ficar em Cuiab(ras)a, para resolver muitas demandas originadas dos meus chefiados, incluindo a você.
Mas juro pela mãe vivinha que jamais farei isso, conto só para você que vem aqui ler e ouvir minhas divagações.
Vir a Sinop, depois de quase dez anos, participar do Conaell, dando uma palestra em mesa redonda, como professor/pesquisador, com minha colega/amiga/mestra e Chefa, a querida Profa Carol, que é a Akie e, pasmem, com o tal professor inticador para o meu desprazer, foi muito maravilhoso.
Rever os familiares, comer o feijão de Tia Júlia e prosear com ela; ouvir as histórias de Tio Marcelino; ir ao batepé com minha prima, a Mãe Linda de Dandalunda; ver o primo Leandro e os priminhos (já barbados) que fizeram me sentir mais velho; conhecer e abraçar Mãe Rosana de Matamba (que delícia de abraço), não tem preço.
Rever as Profas Leandra Segranfredo e Neusa Philippsen da Unemat (que muito admiro), e participar do Conaell, evento que viu minha primeira apresentação como mestrando e depois como doutorando, foi um ato inenarrável: que prazer.
Nos dois dias seguintes, muita interação com a tia, com a prima e com os primos… vi nascer um poeta, o primo Gabriel, um estudante genial!
Participei ainda, do minicurso (maravilhoso), de escrita de língua de sinais, ministrado por minha orientanda de doutorado Áurea Bueno, aquela que também é de Sant'Ana.
Além disso, passei mais de 8 horas (divididas em dois dias), dando orientação (presencial) e reforçando o ensino de escrita de língua de sinais, para minha orientanda de doutorado, Rosa Carolina Gouveia (que também é Carol), na UFMT, campus Sinop, que me clicou muito à vontade, de pé no chão (no primeiro dia), e de shorts (no segundo).
No segundo dia de orientação e de reforço escolar (terceiro dia do evento), fomos almoçar num restaurante do shopping da cidade, especializado em camarão.
Tínhamos à tarde, a apresentação do trabalho da Carol, a Rosa, mas antes fomos na rodoviária, para emitir meu bilhete de passagem de volta para Cuiab(ras)a. Ao chegar lá, uma cadela me passou os dentes na canela: quase me cai o cessu da bunda… medo demaix.
Reagi, imediatamente, em bom e alto cuiab(r)a(sa)nês:
- O quá… catchorra ladino, o-que-que-esse?! Naum foi co'mi'a cara?! Tá quereno me rancá o sangue… catchorra pongó?!
As pessoas me olharam descrentes ao ouvirem eu falar daquela maneira! Não por minha reação com a cadela, mas pelo sotaque… é claro!
Ainda ofegante, no balcão da agência de transportes da empresa Rio Novo, conversando em cuiab(r)a(sa)nês com Carol, a Rosa, a atendente me olhou com uma grande estranheza escrita em seu olhar e perguntou:
- De onde é esse sotaque?
Disse que era de Cuiab(ras)a. Ao sair, eu disse admirado que Sinop não é tão longe de nós, para que um sinopense desconhecesse o sotaque do cuiab(r)a(sa)no.
- Profe, é que o sinopense é bairrista e preconceituoso com quem não seja de origem sulista!
Respondeu e arrematou a Carol, que é a Rosa, e não a Akie!
Sinop-MT, 26 de setembro de 2024
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