PESAR, ANO 2, N. 17, MAI. 2025
Já estamos no quinto mês do ano. O tempo parece que voa, não é mesmo?! E sempre fica uma sensação de que ele passa rápido demais! Uma sensação de que o tempo é pouco para tantas demandas! Uma sensação de que o tempo que temos não é suficiente, nem para as coisas do corpo, tampouco para as coisas da alma. Será que esta sensação é verdadeira ou é somente uma percepção distorcida de nossa mente?
Embora não percebamos, a nossa percepção do tempo está, sim, influenciada pela nossa mente. Os nossos desejos são os responsáveis por essa distorção que nos faz ter a sensação de que o nosso tempo é pouco para tantas coisas que temos para fazer. No entanto, se nós estivéssemos presentes em cada momento que vivemos, bastaria apenas uma vida para nós realizarmos em plenitude a natureza humana!
Será que é somente nós que temos essa percepção errada do tempo? Será que os nossos antepassados também ficavam com essa mesma sensação que nós temos, sempre que se aproxima o início de um novo mês ou que se avizinha o final de um ano? Com certeza! Marco Aurélio, imperador romano e importante filósofo estóico, registrou que os romanos reclamavam com frequência da escassez do tempo.
A reflexão sobre a importância do bom uso do tempo, esteve presente nas reflexões do imperador e filósofo Marco Aurélio. Ele refletia frequentemente sobre o tempo, não somente sobre esse tema, mas também sobre como os seres humanos tendem a desperdiçá-lo. Em sua filosofia, Marco Aurélio mostrou a importância de nós usarmos o tempo de maneira consciente e produtiva, ao invés de reclamar da sua escassez.
Marco Aurélio também refletiu sobre o quão breve é a vida e nos aconselhou a viver o presente com sabedoria e com virtude, aproveitando cada momento vivido. Sêneca e também Epicteto refletiram sobre o tempo e sobre as maneiras de utilizá-lo. Segundo Sêneca, a importância de saber aproveitar o tempo presente, nos leva a não desperdiçá-lo com preocupações com o passado ou, ainda, com o futuro. Epicteto também destacou a importância de se utilizar o tempo com o objetivo de se desenvolver a moral e a autoconsciência.
Levando em consideração os ensinamentos dos três principais filósofos do estoicismo, de que o nosso tempo deve ser empregado com sabedoria e com virtude para o desenvolvimento da moral e da autoconsciência, ou seja, para o desenvolvimento de valores que conformem com as virtudes e de uma maior consciência de si, resta-nos uma questão: seria possível compreender o motivo por trás da sensação de que o tempo passa rápido demais?
Mediante as reflexões já realizadas aqui, nos é permitido afirmar que o motivo que nos faz ter a sensação de que o tempo passa rápido demais e que ele é deveras pouco para realizarmos nossas demandas, é a falta de consciência na forma como gastamos o nosso tempo e a falta de administração dele. Num tempo em que as informações circulam na velocidade da luz, saber administrar o tempo e ter consciência sobre o seu uso, é essencial.
Se eu perguntar a você que neste momento lê estas breves linhas sobre o tempo, dentro de nossa temática "foco e interesse", quanto do seu tempo você emprega rolando para cima o “feed” de vídeos nas redes sociais, você saberia me dizer? É provável que você me responda que fica pouquinho tempo nisso, no entanto, se você somar a quantidade de tempo aí desperdiçada, com certeza, você se surpreende!
Vou perguntar também: o tempo que você gasta na Internet, é fator de soma para você? Qual é o seu foco e qual é o seu interesse em utilizar a Internet e as redes sociais? Na maioria das vezes, nós não ficamos alheios só ao tempo que gastamos sem consciência e sem um objetivo que seja fator de soma para a nossa vida; ficamos também alheios ao tipo de conteúdo que consumimos, e assim, vamos alimentando nossa alma com comida que a intoxica, não por acaso a palavra "feed”, pode significar alimentar, alimentação.
Para finalizar, permita-me uma pergunta final: o conteúdo que você assiste agrega valor para você se tornar um ser humano melhor? A Internet pode ser uma ferramenta maravilhosa tanto quanto pode promover no nosso Eu interior, um verdadeiro estrago. Não sejamos hipócritas em condenar a Internet e seus recursos: lembremos que o que a fará boa ou ruim, serão os usos que nós faremos dela.
Com a Internet, nós podemos crescer como seres humanos. Eu sou prova viva disso. Não estou arrogando para mim, o ser humano mais consciente do mundo: estou em processo, porém foi por meio da Internet, fiz uma pós-graduação que me permitiu passar num concurso; foi por meio dela, que tive acesso às palestras da filósofa brasileira Lúcia Helena Galvão, que transformaram a minha vida; e é por meio dela que todos os dias eu levo minhas humildes reflexões a todos vocês!
Para encerrar esse nosso décimo sétimo número da coletânea PESAR, eu convido você a parar e a refletir sobre a forma como você está gastando o seu tempo. Faça isso imaginando o ser humano que você é hoje e o que você irá encontrar daqui a dez anos, se você continuar empregando seu tempo da forma como o faz hoje, e também, imagine se você mudar o seu foco e seus interesses, e assim, utilizar o seu tempo de forma mais consciente! No próximo número, continuaremos a refletir sobre o tempo.
Este texto foi produzido por Cao Benassi
Todos os direitos autorais são reservados ao autor
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