O QUE A ECONOMIA TUPINIQUILANDENSE E A MINHA VIAGEM TEM EM COMUM?

 Uma crônica de Cao Benassi 


Depois da moeda ianque bater 6,30 esbanjas tupiniquilandenses; depois da gasolina virar a casa das 6,00 esbanjas; depois do silêncio ensurdecedor da militância de redação; parece que alguns setores da falida mídia privada, bancada à custosas fatias das “suadinhas” esbanjas do pagador de impostos, começam a dizer que a história não é bem assim e que o buraco é mais embaixo, no entanto, a grande maioria da burrama tupiniquilandense continua calada.

Com a sensação de que 100 esbanjas virou troco na Tupiniquilândia, e de que o nariz foi estuprado pela peça vermelha, normalmente usada por aqueles que também fazem do sorriso a profissão, querendo ver meu convalescente avô paterno ainda com vida, troquei um rim por uma passagem de ônibus, pois de avião, eu teria que deixar também o fígado, o baço, o pâncreas e as duas córneas, e rumei para Rolim de Moura.

Bom e ruim! Mal entrei no ônibus e o troço começar a se arrastar pelo esburacado pavimento dessa nossa cuiabania, também açodada pela politicama que infesta o fazendão, a minha artrite, que não é reumatóide, mas sim, psoriásica, começou a reclamar: é um incômodo no cotovelo, é um aperreio no ombro, uma azucrinar no quadril e muita, muita… muita dor na coluna. 

Fato é que percorrer os 1.003,2 km de distância entre Cuiabá e Rolim de Moura para rever o povo, já não é mais tão fácil como há alguns anos, por três motivos: 1) a distância que separa as duas cidades; 2) as dores que a artrite me causa; e 3) a quantidade de esbanjas que custa uma passagem de avião, restando o ônibus como uma dolorosa opção. 

Rever o povo é sempre bom! Embora as condições dessa vez, não tenham favorecido em nada as interações familiares. Como todos sabem, não há encontro familiar que não coloque em interação os mais feios arquétipos, os velhos esqueletos  e os antigos fantasmas. Aliás, estas criaturas aí não fariam falta alguma, mas, infelizmente, insistem em sempre ser “arroz de festa"!

Depois de me arrastar, com o ônibus, por 1.003,2 km, dei de cara com feios arquétipos, tropecei nos velhos esqueletos e levei sustos dos antigos fantasmas; confesso: isso não foi nada agradável! Pois é, situação complicada demais, porém, extremamente previsível: qual família nas as têm?

Para piorar, algo que já era por nós esperado, aconteceu: vovó completou o seu ciclo de manifestação e renasceu para a ocultação. Isto, é claro, provocou luto e lágrimas, afinal de contas, o ser humano é simbólico e, como afirma Mircea Eliade, atribuir sentidos, faz parte de nós. 

Diz ele que o sagrado é uma estrutura de nossa consciência e a religiosidade nos é algo inerente. Assim sendo, a partir deste sagrado, atribuímos sentidos, sendo estes o conteúdo do sagrado, dessa nossa estrutura consciencial: assim o é para com o Divino, que criamos, também, por nosso dar sentidos e para darmos sentidos. 

Cinco dias de muitas emoções… além do já mencionado, ver vovô numa cama de hospital, como apenas uma sombra do homem que já foi um dia, não foi nada fácil. Despedi-me de vovô que está muito debilitado, em virtude da idade avançada, 95 anos, e de uma infecção de urina persistente, que insiste em maltratar o velhinho. Foi bastante difícil, porém: necessário. Eu sei que a probabilidade de rever meu avô paterno com vida novamente, é muitíssimo pequena. 

Devido a dificuldade de viajar de ônibus, como eu já afirmei anteriormente, passagens de avião caras demais para um mero professor, num país belo por natureza, cagado pelo politiqueiros que o infestam como uma vérmina infesta uma criança remelenta, que não valoriza e sequer respeita seus educadores, além das dores provocadas pela maldita artrite psoriásica, e entre outras, pensei: talvez não volte a pisar nesta cidade novamente. 

Enfim, você deve estar se perguntando, afinal de contas, o que tem a ver o título deste texto com tudo o que “ele” escreveu até aqui? Pois bem, agora que cheguei a exauribilidade do conteúdo desta arquitetônica, posso responder a questão que nomeia a minha primeira crônica de 2025: “a economia tupiniquilandense e a minha viagem de janeiro de 2025, têm em comum o fiasco que ambas foram e continuam sendo!


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