PESAR, ANO 1, N. 12, DEZ., 2024

 

Dezembro, em nosso calendário, é o décimo segundo mês do ano. A palavra dezembro tem origem na palavra latina "decem” que significa dez. Como nos meses anteriores, setembro, outubro e novembro, dezembro,  no antigo calendário romano, ocupava a décima posição. 

Enfim, estamos no final do ano e, também, no final da nossa primeira série anual de textos filosóficos práticos sobre um tema previamente definido. Com dezembro encerramos o ano de 2024 e com ele, encerramos também, a nossa série de reflexões sobre a resistência. 

Nossas reflexões foram sobre a má e a boa resistência em nossos corpos manifestados, ou seja, os corpos densos que fazem parte do mundo do sensível. Esses corpos são quatro: o corpo etéreo-físico, o prânico (energético), o astral (emocional) e o mental concreto. Abordamos suas características, como a má resistência atua neles para manter o seu status quo e como podemos contrapor tudo com uma boa resistência. 

Relacionado ao corpo etéreo-físico, nossa reflexão a título de exemplificação, perpassou o despertar matinal e a dieta. No primeiro, a resistência ao soar o despertador, pode vir com o argumento mental: "fique só mais 5 minutinhos… isso não irá te atrasar".

Já em relação a uma dieta, a má resistência pode vir na forma de uma irresistível oferta do doce predileto ou de algo extremamente restritivo que irá levar o corpo a adoecer. Ambas situações serão prejudiciais: na primeira o compromisso de emagrecer pode ser quebrado e trazer frustração; na segunda, a inanição do corpo pode favorecer o aparecimento de doenças.

Em todos estes cenários, a mente terá sempre argumentos para justificar uma ou outra escolha, afinal de contas, todos os nossos corpos atuam conjuntamente, sendo que a mente será a grande responsável pelos pretextos que irão dar fundamento a má resistência. Assim, é necessário sempre, contrapor a alegação da má resistência, com um bom argumento, com uma boa resistência. 

Como o nosso corpo energético atua sempre conjuntamente com o nosso etéreo-físico, fornecendo a ele a energia necessária para realizar as suas atividades, a atuação da má resistência e sobretudo das justificativas mentais, podem se confundir com as do corpo etéreo-físico. 

Digamos que a escolha para o emagrecimento foi a prática de uma atividade física. Sabemos que todos os nossos corpos estarão envolvidos, porém o nosso etéreo-físico e o nosso energético serão os mais demandados. Assim a resistência pode se manifestar como uma leve indisposição para a o desenvolvimento da atividade física. 

A má resistência pode ainda, por meio da nossa mente concreta, apresentar a nós a proposição de adiarmos por algumas horas a prática da atividade física ou, às vezes, por dias o início de uma atividade prática. Nestes casos, precisamos contrapor o argumento com um outro que mostre para nossa mente os benefícios de uma dieta balanceada ou da prática de uma atividade física.  

Em nosso corpo astral ou emocional, a má resistência pode estar relacionada às emoções e sentimentos de baixa vibração que não são fatores de soma para a nossa natureza humana, tais como a dor por um amor perdido, a tristeza por fracasso, ou ainda, a culpa ou mágoa que prende nos ao passado. 

Em todos os exemplos dados anteriormente, a má resistência atua criando um pensamento circular que, além de roubar a nossa energia e nos esgotar, cria uma teia de sofrimento, da qual, escapar, pode ser extremamente difícil. Ainda pode causar uma projeção externa, na tentativa de buscar culpados externos pelo sofrimento ao qual nos submete.

Nós vivemos uma parcela considerável do nosso dia desdobrados em nosso corpo astral, quando não estamos totalmente dominados por ele. Por isso é tão difícil lidarmos com nossas emoções e sentimentos. Para termos domínio sobre eles, precisamos conhecê-los e sempre contrapor às justificativas mentais, que a mente utiliza para manter o domínio do astral sobre nós, com argumentos fortes e conscientes.

Por fim, penso que foi possível perceber que o nosso corpo mental concreto, o mental dos desejos, está por trás da atuação de cada um dos nossos outros corpos, sempre trazendo um argumento que justifique a manutenção do lugar de conforto ou, melhor dizendo, da vida confortável com o menor esforço possível.

É o desejo de vestir aquele vestido tubinho, de desfilar o corpo definido naquela sunga pela praia, de arrasar nas festas de final de ano, que impulsiona o indivíduo a fazer uma dieta, muita das vezes, prejudicando a própria saúde. Em determinadas situações, o desejo de exibir um corpo perfeito o leva a tomar atalhos e, com isso, substituir uma atividade física constante e saudável, por produtos injetáveis que podem levar à morte.

Os desejos podem manipular nossa mente de tal maneira, que faz criar uma ilusão de que determinadas coisas ou identidades são necessárias para a nossa existência, quando na verdade, não o são. Enquanto estivermos vivendo para realizar desejos, deles seremos escravos. É necessário silenciar a voz do desejo e das emoções para que possamos ouvir a voz do coração que sempre clama pelo nosso crescimento, pela nossa evolução. 

Por fim, o encerramento de um ano, é sempre um tempo propício a duas ações que são essenciais para que possamos crescer e evoluir. Estas ações são a reflexão e o planejamento, que são capazes de nos tornar totalmente conscientes do que fazemos. 

Na ação da reflexão, devemos pensar em tudo o que vivemos, em tudo o que nos provou, em tudo aquilo que a vida nos proporcionou e perguntarmos: o que eu fiz com tudo isso? O que me fez crescer? O que me fez sair deste ano, um pouquinho maior do que entrei? Qual sabedoria acrescentei à minha vida?

Já na ação de planejamento, devemos planejar o ser. Vamos lembrar a frase da tradição bíblica: buscai as coisas do espírito e as demais coisas lhes serão acrescentadas? Somos afeitos a querer, ter e possuir, porém não nos atentamos ao ser. Portanto, é essencial que busquemos planejar nossa vida para que ao final de um ano, nós possamos olhar para nossas experiências e exclamar: acrescentei sabedoria à minha vida!


Um texto de Cao Benassi 

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