PESAR, ANO 1, N. 10, OUT. 2024

 

Outubro é o décimo mês do ano, no calendário gregoriano. A palavra outubro vem da palavra "octo", do latim que significa oito. Agora você querido leitor deve estar se perguntando: "como assim oito… se outubro é o décimo mês do ano?" 

Eu vou explicar melhor. No antigo calendário romano, outubro ocupava a oitava posição, sendo, portanto, o oitavo mês do ano, por isso, "octo". 

Esse antigo calendário foi alterado por Numa Pompílio e mais tarde, também foi alterado por Júlio César, sendo que o nome desse mês foi mantido. Porém as alterações fizeram com que o mês passasse para a décima posição. 

No cristianismo católico, outubro é o mês dedicado à Virgem do Rosário e aos Anjos da Guarda.

Já que estamos nos três últimos meses do ano e já falamos sobre o corpo físico, sobre o energético, sobre o emocional, iremos dedicar os três últimos números deste ano, ao nosso corpo mental concreto.

Para começar a nossa reflexão, vou trazer uma afirmação que, além do nosso tema "Resistência", guiará nossas últimas reflexões do ano. Diz o seguinte, essa afirmação: "uma mental guiada pelos desejos e pelas emoções, é uma prisão"!

A nossa mente é servil e sempre se volta para a direção de onde se encontra o seu senhorio. Sendo assenhorada, a mente é como um espelho que se volta e sempre reflete o seu senhor. 

Mas como assim? Que papo é esse? Calma, eu vou trocar em miúdos! A nossa mente concreta sempre buscará algo que a conduza. 

É isso mesmo! Neste sentido, se você não conhece sua real essência e não busca desenvolver vida interior, para que assim, você desperte o seu verdadeiro eu e ele conduza sua mente, ela simplesmente se voltará para os pensamentos, desejos, emoções e sentimentos. 

É por isso que afirmei que uma mente dominada pelos pensamentos e desejos, pelos sentimentos e emoções, é uma prisão!

Vamos aprender um pouco mais sobre isso?! Pois bem… os pensamentos, assim como os desejos, são quase sempre, muito instáveis e inconstantes, mudando rapidamente.  O pensamento é o elemento mental que pode se tornar circulante, podendo causar a perda de energia e sofrimento à personalidade. 

O pensamento é o elemento que será mobilizado para justificar, argumentar, classificar, separar, planejar, enfim, para articular tudo aquilo que a mente necessita para satisfazer ao seu senhorio. 

Os desejos por ser instáveis e constantes, também influencia a mente e a faz buscar a satisfação por meio do prazer, que é um sentimento momentâneo. 

Por ser passageira, o prazer dessa realização não existia dez segundos antes e, dez segundo depois, já não existirá, o que fará com que o desejo mobilize novamente o pensamento, pois não quer que o prazer, que é transitório, cesse. 

Podemos exemplificar o que foi dito anteriormente, com algo bastante comum e simples, que acontece no nosso dia-a-dia, que, às vezes, nem nos damos conta, em virtude de vivermos, na maior parte do nosso tempo, desdobrados emocional e mentalmente.

Quando gostamos muito de um determinado prato, um doce, um pudim, por exemplo, levando em consideração que o gostar é um sentimento, ou seja, é uma disposição mental em relação a algo ou alguém, logo, pertence ao corpo emocional, quando o comemos, podemos perder o controle da quantidade. 

Uma vez que, o desejo, que é transitório, é acionado, quer pelo sentido da visão, quer pelo olfato, serão gerados impulsos que são correspondidos por um sentimento, no caso o gostar, que serão correspondidos por uma emoção, e no âmbito do energético, por uma energia, que poderá ser concluídos na ação de comer o doce. 

Consideremos que o pudim é uma sobremesa e que iremos comê-la tão logo terminemos o prato principal. Até aí, tudo bem! 

O problema é quando o sentimento e o desejo pelo prato são correspondidos pelo prazer da ingestão dele, e cessando esse prazer, nosso mental reivindica a manutenção do prazer. 

Se não conhecemos como nossa mente operacionaliza seus elementos e os gatilhos que ela utiliza para  atuar, poderemos não conseguir resistir ao desejo, que muitas vezes é entendido e justificado como vontade, e assim, cederemos aos caprichos do desejo e do sentimento. 

Neste caso, nossa consciência é arrastada para a satisfação da nossa personalidade. Assim, ao ceder e comermos novamente do pudim, estamos satisfazendo, não o corpo físico e energético, pois eles já foram satisfeitos anteriormente: estamos realizando tão somente, os caprichos do desejo e do sentimentos, logo, dos corpos mental concreto e emocional. 

Isso se configura como sendo uma debilidade, pois é uma busca da mente para saciar a fome mental e emocional, desconsiderando que os corpos físico e vital, já estão saciados. 

A mente, por meio dos pensamentos, poderá impor uma série de argumentos, na tentativa de justificar a repetição, tais como: "só mais uma colherinha, não vai fazer mal", ou ainda, "você trabalha tanto, merece!" Como já vimos anteriormente, esses argumentos tem nome e qualidade: má resistência! 

Mas lembre-se que nos diz o ditado popular, que tem lá um fundo de verdade, de sabedoria, que "de grão em grão a galinha enche o papo". Além de você alimentar a escravidão mental aos desejos e prazeres sensíveis, você poderá ao longo do tempo, adquirir uma doença. 

Para vencer a mente e o domínio das emoções e sentimentos, é necessário observá-la. É claro que esta observação tem que ser neutra: você não poderá fazer essa observação, atrelada a julgamentos. 

Julgar a mente não ajudará em nada, pelo contrário, adicionará culpa, que não é fator de soma, à esta atividade: lembre-se que a filosofia nos ensina que a extinção da culpa, marca o início do progresso. Assim, nossa observação necessita ser neutra sempre.

Neste processo de observação neutra, é importante questionar-se. Também é muito importante ser leal ao que somos em essência, ainda que não saibamos o que é essa essência, e não levar em consideração a má resistência que a mente tentará impor. 

Perguntar a si mesmo, por exemplo, "por que estou repetindo a sobremesa, se já estou satisfeito com o prato principal?" Isto é fome, é uma necessidade ou estou fazendo isso para satisfazer os meus caprichos mentais?" Em que isso me auxilia no sentido de me tornar um ser humano melhor, mais equilibrado, bondoso e justo?"

É óbvio, que se estivermos conscientes da nossa responsabilidade de crescimento, que temos frente ao universo, não conseguiremos responder a essas e a outras perguntas do tipo, não correspondendo com a verdade. 

Caso a mente esteja muito bravia e não se cale diante da verdade, podemos fazer o seguinte exercício: escrever as perguntas, respondendo-as. Assim, dificilmente ela continuará com seu ruído. 

Aos poucos, iremos perceber que sua argumentação, ou seja, a boa resistência que você utilizará em oposição à má resistência da mente, ganhará consistência e notaremos que o ruído da mente também silenciará. 

Talvez este seja um dos benefícios que é a base para o início da libertação da mente e para uma mente mais harmoniosa. 

Por fim, o autoconhecimento favorece o autodomínio: não há nada melhor na vida do que se libertar das amarras do prazer e do desejo!   


Um texto de Cao Benassi 


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