PESAR, ANO 1, N. 6, JUN. 2024

Estamos encerrando o primeiro semestre do ano, que é de número 8 (2+0+2+4), cujo representante é a lemniscata, tida como símbolo do infinito. O número 8 representa tudo o que é material, além de significar a prosperidade no mesmo sentido. Do ponto de vista esotérico, representa a ligação entre céus e terra. Na numerologia yorubá, é Ejionilê, o caminho que representa a ascensão a Orum (céu) e o declínio ao Ayê (Terra).

A palavra junho deriva da palavra latina iunius. Junho é o sexto mês do ano, tem 30 dias e é dedicado à Deusa Juno, esposa do Deus Júpiter. O número 6 se liga ao amor, à responsabilidade e ao serviço. Na numerologia pitagórica, representa a harmonia, o amor, a família, o afeto, a beleza, entre outros. No lado negativo, representa, principalmente, a dificuldade em se relacionar.

Ao longo dos primeiros quatro números da nossa série PESAR, falamos sobre os nossos corpos físico e vital, além de trazer exemplos de como podemos observar esses nossos constituintes. No número 5, influenciados pelas memórias de H.P.B. que o mês de maio encerra, falamos de como podemos nos relacionar com os mestres, em nossos dias.

A partir deste número, abordaremos a resistência, ainda nos corpos físico e vital, porém relacionada aos corpos astral (emocional) e mental concreto (kama-manas). Para começar, gostaria que você, neste exato momento em que lê esse texto, desse uma pequena pausa na leitura, e verificasse como está a pia da sua cozinha, sua mesa de trabalho ou, ainda, seu armário. 

Não, definitivamente, eu não quero saber como está a sua pia, sua mesa ou seu armário, tampouco quero lhe dar dicas de como melhor organizá-los ou posicioná-los para obter a melhor circulação energética. Não quero fazer parecer que isso é uma lei, algo determinista ou imutável, mas a forma como a pia de sua cozinha, sua mesa de trabalho ou seu armário ficam, pode corresponder a algum elemento interno seu mais sutil. 

Da mesma forma que eu te convidei para observar os objetos supracitados, eu te convido agora para observar seu corpo emocional (astral). Será que você conhece suas emoções? Será que você as domina ou você é dominado por elas? Será que você vive as suas emoções ou você é vivido por elas?

Se você respondeu que conhece e domina as suas emoções, sem uma reflexão mais detida e profunda sobre o tema, eu te convido novamente a observar ao seu emocional. Que tal "escarafunchar" mais os porões da sua consciência, à procura daquela mágoa que você escondeu, naquele cantinho escuro, que só vem a luz quando você está em algum estado de consciência alterada. 

De alguma forma, o que é gerado em nossos universos mais sutis, é manifestado em nossos corpos vital e físico. Mas não é só. Como afirmamos anteriormente, os ambientes físicos ao nosso redor, também refletem isso. Noutras palavras, tanto os nossos corpos mais densos são impactados pelo que geramos em nossos corpos mais sutis, quanto tudo o que está ao nosso redor, também irá refletir isso de alguma forma. 

Além das nossas emoções, nossos pensamentos também podem ser refletidos em nossos corpos vital e físico, não apenas, mas em nosso entorno também. Pensamentos ou desejos desordenados, além de nos roubar energia, nos deixando exaustos sem causa aparente, podem se materializar em desordem e caos material.

Mas vamos com calma, nem toda desordem na pia da cozinha, na mesa de trabalho ou no armário, pode de fato significar uma desordem nos planos sutis. Como nos diz o dito popular, "nem tanto ao céu, nem tanto à terra", ou seja, o melhor é ficar entre. Isso me remete ao ensinamento do Gautama, o Buddha, de que devemos trilhar o caminho do meio, noutras palavras, buscar o equilíbrio. 

Às vezes uma pia cheia de louça suja, pode significar que você teve algum impeditivo momentâneo sério. Uma mesa ou guarda-roupa desarrumados podem não ser reflexos de uma desordem emocional ou mental, mas de alguma doença que te acometeu ou de uma sobrecarga de trabalho imprevista.

Uma ocasião, na qual há um impedimento para realizar atividades que ordenem as coisas em seus devidos lugares, de acordo com sua natureza, é algo que deve surgir para a consciência como uma eventualidade. No entanto, caso se configure com determinada frequência, uma ocorrência sem motivo aparente ou que você, por mais que se esforce, não consegue compreender ou vencer a procrastinação, então a situação deverá ser observada com maior atenção.

O processo de observação é muito importante para que possamos iluminar nossos becos e limpar nossos porões. Porém, da mesma forma, é importante que não haja julgamentos. A nossa observação interna, sempre precisa ser o mais neutra possível. Isso me remete, novamente, a um outro grande ensinamento. Madame Blavatsky inicia a introdução do primeiro volume de sua magistral obra "A doutrina secreta", com a seguinte epígrafe de Shakespeare: "se amável no ouvir, bondoso no julgar". 

Normalmente, tendemos a ser complacentes com os outros em suas causas e impiedosos, cruéis e atrozes conosco e com as nossas causas. Se para com os demais devemos ser amorosos ao ouvi-los e bondosos ao julgá-los, por qual motivo, deveríamos ser diferentes para com nós mesmos? Como já dissemos, a observação interna precisa ser neutra. 

Para exemplificar o que foi dito acima, o perfil @jacobpetry no Instagram, publicou um vídeo no qual expõe um estudo feito pelo FBI, em que um desenhista desenha o rosto de mulheres, sem vê-las ou conhecê-las, com base na descrição delas e depois, com base na descrição de outras pessoas que as conhecem. Ao final, ao comparar os dois desenhos, concluiu-se que o desenho baseado na autodescrição, era bem mais "pesado" e até com traços de feiura. Logo, isso confirma o que dissemos anteriormente.  

Quando descemos aos recônditos de nossa consciência para sondar nossos pensamentos, desejos, emoções e sentimentos, não podemos estar vestidos com a toga e de martelinho nas mãos. Como tendemos a ser complacentes com os outros e impiedosos conosco, se a observação não for neutra, podemos ser fortemente impactados negativamente, pois o que veremos primeiro dentro de nós em potencial, serão as debilidades que existem no mundo.

Por outro lado, se não formos leais conosco mesmos, podemos descer ensimesmados, ignorar o que não nos agradar e direcionar nosso olhar somente para aquilo que nos é conveniente. Isso para o humano que despertou ou para o buscador, é deveras pernicioso. 

Voltando à questão que nos trouxe aqui, sim, a desordem física ou de outros tipos, como por exemplo, amizades torpes, relações de trabalho conturbadas ou escusas, relacionamento amoroso ou familiar caótico, tudo isso podem ser sinais de que você esteja vibrando essas energias que são correspondidas, em alguma medida, pelo universo. Assim, isso pode indicar que você está nessa vibe. 

Diz O Caibalion, que "O Todo é mente e o universo é mental". Também diz que em tudo há correspondência. Neste sentido, correspondendo Ao Todo, temos  nós mesmos como a mente e o nosso microcosmo como o nosso mental. É claro que não temos estatura moral, intelectual e espiritual para manipularmos e dominarmos a matéria, no entanto, mesmo que inconscientemente, criamos as energias que permeiam nossos desejos, pensamentos, sentimentos e emoções, logo, a aura do nosso microcosmo, nós a criamos. 

É fácil testemunharmos alguém nos confidenciando que não consegue entender o porquê determinados ciclos, sempre se repetem em suas vidas. É a desordem física doméstica que não consegue ordenar ou se ordena, não consegue manter, é aquele "amigo" ou amado que trai na primeira oportunidade, são os problemas recorrentes no trabalho ou na família, que simplesmente, a pessoa não consegue entender. Bem, não entende porquê não se presta a uma boa e leal autorreflexão. 

Diz um aforismo filosófico que "tudo o que acontece com o ser humano, é próprio da natureza humana". Noutras palavras, ficar desempregado, por exemplo, é próprio da natureza do homem. Um animal não trabalha, logo, não ficará desempregado. O aforismo anterior, me faz lembrar de um outro que nos ensina que tudo o que acontece conosco, não acontece ao acaso, sempre é para nos trazer aprendizado e, consequentemente, nos fazer crescer. 

No entanto, esse aprendizado, esse crescimento, só acontecerá se nós encararmos a vida, não como vítimas, mas como aprendizes. As experiências da vida podem nos levar a dois tipos de acréscimos, sendo um a covardia e o outro, o crescimento interior. Cabe, portanto, a nós a volição, a escolha, de qual direção iremos seguir, a inanição proporcionada pela vitimização ou o crescimento que o aprendizado pode nos proporcionar. 

Para finalizar, vale ressaltar que só há duas formas de aprender, sendo uma por meio da reflexão, quando olhamos para o universo e para aqueles que nos antecederam e aprendemos com a sabedoria por eles acumulada e a outra, por meio da provação, ou seja, passando pela situação e aprendendo com ela. 

Igualmente, dentro das milhões de escolhas que temos e podemos fazer, independentemente de qual escolha façamos, elas se resumiram a duas apenas: a materialidade que nos mantém pequenos ou a espiritualidade que nos faz crescer. Ou mergulhamos, por meio de nossas escolhas, em total materialidade ou nos elevamos desenvolvendo vida interior.


Por Cao Benassi

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